Exclusivo: alvo de notícia-crime no MP e processo na OAB, golpista “Doutora Pix” sai do Brasil

Atualizado em 3 de março de 2023 às 11:12
Liliane Fontenele: advogada defensora do golpismo e dançarina de funk nas horas vagas (crédito: reprodução)

A advogada Liliane Fontenele, organizadora da caravana golpista de litoral norte de Santa Catarina até Brasíia no dia 8 de janeiro, que ficou conhecida como “Doutora Pix” após usar sua conta bancária e sua chave de transferência para juntar dinheiro para os atos de terror, deixou o país.

Conforme revelou o DCM, Fontenele é alvo de processo no Conselho de Ética da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Itajaí-SC, em virtude de suas ações de organização financeira e material não apenas dos atos do dia 8, mas também de um acampamento golpista mantido por mais de dois meses em frente a um prédio da Marinha do Brasil na cidade.

Além disso, a “Dra. Pix” consta em notícia-crime entregue ao Ministério Público de Santa Catarina a respeito dos mesmos atos golpistas, conforme também mostrou o DCM.

Assim como seus colegas do canal de humor político de direita chamado “Hipócritas”, a advogada deixou o pais há mais de um mês, temendo ser presa, mas não contou para ninguém para onde foi. Em recente entrevista concedida por WhatsApp ao site de direita “Sempre foi pelo Brasil”, em reportagem com o título “O Custo da Liberdade”, a jornalista que falou com Fontenele disse que não poderia revelar o local de onde sua entrevistada respondeu suas perguntas.

“Fiz todas as perguntas possíveis que uma jornalista com 36 anos de estrada poderia fazer, menos uma: Onde você está? Não fiz porque hoje sabemos dos riscos que as novas lideranças correm, essas que surgiram do movimento de rua espontâneo e que tanto desagrada aos seus opositores”, informou a repórter Ana Maria Cemin.

No escritório profissional que a Doutora Pix mantinha em Itajaí, chamado Usocapione Assessoria Jurídica, ninguém mais atende, faz mais de uma semana. No condomínio onde ela mora, segundo apurou a reportagem, o comentário é geral: ela fugiu para os Estados Unidos, mesmo país para onde se evadiram os humoristas do canal Hipócritas, o blogueiro Alan dos Santos, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Abraham Weintraub. Mas a verdade é que ninguém sabe mesmo qual é o país onde ela se encontra.

Em suas redes sociais, a advogada também não revela para onde foi, aprnas gosta de dar a entender que já não está mais no país, quando faz questão de responder com um “estou vendo” a mensagens postadas por colegas de ativismo que têm suas contas bloqueadas e impedidas de serem vistas do Brasil, em virtude de decisão judicial.

Liliane Fontenele responde a mensagem do blogueiro Alan dos Santos, que não pode ser visualizada do Brasil: “Eu estou vendo” (crédito: reprodução)

A reportagem entrou em contato com Fontenele por meio do WhatssApp e de suas redes sociais. Perguntou em qual país ela se encontra e quando pretende voltar ao Brasil. Até a publicação desta reportagem, não houve resposta. Caso a advogada venha a se pronunciar, suas declarações serão incluídas nesta página.

Liliane Fontenele é líder dos atos antidemocráticos que iniciaram após o fim do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, sendo organizadora, instigadora e financiadora do acampamento que foi fixado na frente da sede da Marinha do Brasil de Itajaí.

Conforme aponta a representação contra ela encaminhada à OAB, assinada pelo advogado Marcelo Saccardo Branco, o objetivo de tal acampamento e demais mobilizações lideradas pela representada era “forçar uma ruptura institucional, através de intervenção militar armada, com o impedimento da posse do Presidente Eleito, ou sua remoção do cargo após sua posse já ter ocorrido.”

Tais atos são condutas tipificadas pelo Código Penal, nos arts. 286 (incitação ao crime), 287 (apologia de crime ou criminoso), 288 (associação criminosa) e 288-A (constituição de milícia privada), Art. 359-L (Abolição violenta do Estado Democrático de Direito), 359-M (Golpe de Estado) do Código Penal (Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940) e no art. 2º da Lei nacional n. 12.850, de 2 de agosto de 2013 (organização criminosa).

Diz (e mostra) a representação:

A atuação da representada extrapolou os limites do município de Itajaí, pois a mesma organizava manifestações de cunho golpistas também em níveis estadual e nacional. A representada inclusive arrecadava dinheiro para a manutenção dos atos antidemocráticos através de sua chave PIX pessoal: 

 

A advogada representada usava sua própria conta bancária para arrecadar dinheiro para os atos golpistas em Brasília (fonte: OAB-SC)

Por fim, uma curiosidade: ao mesmo tempo em que se apresenta como uma advogada conservadora, cristã e defensora da família tradicional, Liliane Fontenele é fã do chamado “funk proibidão”. Em sua conta no Tik Tok, a causídica publicava (ela apagou a conta logo após reportagem do DCM) uma série de vídeos em que dança e canta músicas com letras e títulos sugestivos, como no exemplo abaixo, em que dança e requebra ao som de “Sentadão”, de Pedro Sampaio, Felipe Original e JS, o “Mão de Ouro”.