Facebook não está pronto para enfrentar fake news nas eleições, diz ex-diretora

Atualizado em 13 de março de 2022 às 18:33
Facebook não está preparado para cenário violento nas Eleições 2022
Ex-diretora do Facebook diz que plataforma não está preparada para cenário violento nas Eleições 2022

A ex-diretora de eleições do Facebook, Katie Harbath, disse em entrevista ao O Globo que a plataforma não está preparada para cenário violento nas Eleições 2022. Segundo ela, a capacidade de restringir mensagens que turbinem esse discurso ainda é muito inferior à velocidade com que elas circulam.

Harbath foi a voz do Facebook em eleições mundo afora durante uma década, de 2011 a 2021. O trabalho dela era de se relacionar com políticos, tribunais eleitorais e organizações da sociedade civil preocupadas com o papel das redes sociais no debate público. Ela foi responsável por acompanhar, pela plataforma, as eleições quando o ex-presidente americano Donald Trump não reconheceu os resultados, gerando a invasão ao prédio do Capitólio, em Washington, que deixou cinco pessoas mortas.

A ex-diretora teve sua estreia no Brasil nas eleições de 2014. Depois, voltou em outras dez ocasiões, sempre pelo Facebook. Desta vez, ela veio porque o Instituto Republicano Internacional ainda não tinha feito trabalhos no Brasil e a enviou numa missão de avaliação pré-eleitoral. “Nos reunimos com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com organizações do setor privado, para tentar entender o que se espera da eleição, principalmente em relação à falta de informação e às informações falsas, e para saber se há algo que podemos fazer para ajudar”, afirmou.

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Ex-diretora do Facebook diz que Eleições 2022 lembram situação eleitoral dos EUA em 2020

Harbath disse também que ficou “impressionada” com o quão a situação das eleições brasileiras lembra a dos Estados Unidos em 2020, mas que não lhe parece que vá acontecer um incidente como o do Capitólio nos EUA, no Brasil.

“Fiquei impressionada como a situação lembra a dos Estados Unidos, inclusive com a preocupação de violência eleitoral. Não me parece que algo vai acontecer exatamente como foi no Capitólio, porque a confiança do Brasil no sistema de votação, nas urnas eletrônicas, me pareceu muito maior. Mas há muita preocupação sobre como ações violentas podem ser realizadas por milícias. É como se as pessoas estivessem se preparando para todos os cenários, como se qualquer coisa pudesse acontecer. Ainda há muito tempo até outubro, mas é um ponto de atenção”, declarou a ex-diretora do Facebook.

Ela ainda destacou que “a plataforma pode significar muito para a construção da democracia globalmente. Ela poderia direcionar o produto para identificar melhor o discurso de ódio e as informações falsas sobre eleições. Poderia ajudar mais as pessoas não apenas a saber como e quando votar, mas como funciona o processo eleitoral em seu país. E isso precisa ser feito em vários idiomas.”

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