O discurso de Lula no jantar na íntegra:
Dona Lindu foi o primeiro e maior exemplo de perseverança que tive na vida. Quando não havia pão para dar de comer aos filhos, ela dizia: “Amanhã vai ter. Amanhã vai ser melhor”. Cresci ouvindo de minha mãe o conselho que me acompanha por toda a vida: “Teima, meu filho, teima.”
Com o tempo, descobri que aquele conselho não era apenas para mim. Entendi que perseverar é um ato político.É uma arma na mão do oprimido, que o impede de desistir. Aprendi a teimar e a acreditar que amanhã vai ser melhor. Mas que é preciso lutar para construir esse amanhã.
O diploma de torneiro mecânico me abriu as portas da cidadania. Com o macacão sujo de graxa que eu vestia com orgulho, pude finalmente tomar café, almoçar e jantar diariamente – um direito que muitos anos depois, na Presidência, fiz questão de garantir a todos os brasileiros.
A perseverança me impediu de desistir da sonhada profissão de metalúrgico, mesmo quando tive o dedo esmagado numa prensa. Ou mais tarde, quando amarguei oito meses de desemprego, pesadelo que hoje assombra 14 milhões de trabalhadores, vítimas de uma política econômica criminosa.
Eu andava quilômetros e quilômetros a pé, porque não tinha dinheiro para o ônibus, batendo de fábrica em fábrica e ouvindo sempre um Não. Um dia, tirei o sapato e quando tentei calçá-lo de novo, os pés já não entravam, de tão inchados, de tanto caminhar em vão.
Eu andava quilômetros e quilômetros a pé, porque não tinha dinheiro para o ônibus, batendo de fábrica em fábrica e ouvindo sempre um Não. Um dia, tirei o sapato e quando tentei calçá-lo de novo, os pés já não entravam, de tão inchados, de tanto caminhar em vão.