Por que Lula está jogando Geraldo Alckmin no colo do MBL

Atualizado em 6 de setembro de 2021 às 8:00
Lula em discurso no PT
Enquanto Lula costura, Geraldo toma café sozinho na padaria
Na viagem de volta ao Nordeste, Lula não traz boas notícias para Geraldo Alckmin.
Escanteado no PSDB por João Doria, o ex-governador vê as portas se fecharem na tentativa de encontrar um novo partido para disputar pela 5a vez o governo de São Paulo.
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Não é certo que as mesmas alianças se repitam em todos os estados, mas são cada vez maiores as chances de PSD e MDB somarem com o ex-presidente em 2022.
Essas alianças são pedras que vão sendo jogadas no caminho e que dificultam um eventual acordo que Geraldo possa vir a fazer com Gilberto Kassab e Temer, os mandatários de fato da prefeitura de São Paulo.
Ambos, Kassab e Temer, tentam atrair Alckmin para um projeto visando a disputa do governo estadual no ano que vem.
É bom Geraldo considerar o estado da Bahia.
Lá, um dos principais quadros do estado, Otto Alencar, que tenta a reeleição ao senado, tem acordo com Jaques Wagner, petista que vai tentar administrar o estado pela 3a vez.
Otto é fundador, foi o primeiro presidente e é hoje uma das principais vozes do PSD.
O partido de Kassab, que foi ministro de Dilma, nasceu na Bahia, e a festa de lançamento aconteceu num ‘Petit Comité’ na casa de Wagner.
Um balanço feito pela jornalista Andréa Jubé, do Valor, mostra que Lula tem alianças avançadas com o MDB nos estados do Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas.
Mesmo o PDT, que namora Geraldo, mas não abre mão de tê-lo no partido caso queira se juntar com Ciro, é problema.
Veja o que acontece no Ceará: lá o governador petista Camilo Santana, reeleito em 2018 com a maior votação proporcional do Brasil (79,96%) tem apoio incondicional dos irmãos Gomes.
Lula passou a ‘rede de arrasto’, como se diz no Nordeste, até no estado do Maranhão, onde tem boas relações com a família Sarney e já conta com apoio do governador Flávio Dino, que vai disputar o senado.
E que dizer do PSB, sigla que Geraldo sonha por causa de Márcio França, que foi seu vice por 4 anos?
Muito simples: basta ver o que está acontecendo em Pernambuco, onde será reeditada a aliança histórica entre os socialistas e o PT – o objetivo é contar com a sigla do governador Paulo Câmara na coligação nacional encabeçada pelo ex-presidente.
Geraldo nunca se importou em construir uma base partidária e tampouco cultivou aliados políticos.
Certa vez desci num elevador com Cláudio Lembo, que governou São Paulo entre 2006 e 2007 e foi vice de Geraldo.
Ele me disse que foi tão humilhado na condição de vice que só não renunciou ao cargo por respeito ao rito institucional.
Falou cobras e lagartos de Geraldo para usar uma expressão popular que todo mundo entende.

Mesmo no PSDB há quem diga que João Doria não traiu Geraldo

O gestor deu a ele o que merece – o isolamento.

O ex-governador de São Paulo, líder nas pesquisas até aqui, é um homem só: não tem aliados e não tem palanque.

Enquanto Lula costura alianças e solapa as pretensões do adversário do campo progressista em São Paulo, sobra para Geraldo se aliar ao PSL (ex-bolsonaro) e se abraçar com a patota do MBL.