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Por Luis Felipe Miguel
O governo Bolsonaro está cheio de bandidos (como Milton Ribeiro e Guedes), de fanáticos (como Damares e Guedes), de incompetentes (como Heleno e Guedes), de oportunistas (como Queiroga e Guedes).
Mas nenhuma figura é tão patética quanto o astronauta.
Lançado ao espaço sem saber como nem por quê, sorriso bobão sempre afixado no rosto, não encontrou melhor destino para a súbita notoriedade do que se envolver num esquema vagamente estelionatário de venda de travesseiros.
E depois encontrou outra serventia como ministro do governo de destruição nacional.
A cargo de um ministério fantasma.
Nenhum cientista digno do nome aceitaria ser ministro de um governo que não esconde seu desprezo – mais do que desprezo, ódio – à ciência.
1 – Ministro astronauta reclama de cortes na Ciência e diz que pode faltar dinheiro para bolsas
2 – Allan dos Santos incentivou Bolsonaro dar golpe, diz PF
3 – Com Lula, Haddad cresce e vira nome forte para o governo de SP
O astronauta, claro, não é cientista. É astronauta. O fato dele ter sido lançado ao espaço a bordo de uma nave estadunidense só conta como façanha científica no nível mental do bolsonarista médio.
Agora, o ministério que ele pretensamente dirige perdeu 92% do orçamento – um orçamento já muito minguado, diga-se de passagem. Como apontou Helena Nader, para a ciência tinham sobrado migalhas e “decidiram levar embora até as migalhas”.
O que faz o astronauta? Diz que foi “pego de surpresa” e ficou “muito chateado”.
Mas continua no cargo, com o argumento de que “tem que aguentar pelo bem da ciência”.
Que bem? Que ciência?
O único bem que Marcos Pontes poderia fazer à ciência brasileira seria denunciar o esvaziamento final de seu ministério, renunciando ao cargo como um gesto político.
Mostraria, de quebra, que tem algum amor próprio. Qual ministro aceita que cortem toda a verba de sua pasta sem nem ser comunicado do fato?
Se renunciasse, ele ganharia o direito de se olhar no espelho. E talvez até de, à noite, repousar em paz sua cabeça num travesseiro “da NASA”.
Mas não. Continua lá, com seu sorriso bobão, cumprindo o único papel que o governo espera dele, que é exatamente não incomodar.
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