Após a revelação do escândalo envolvendo pastores, com denúncias de corrupção no Ministério da Educação, situação ficou insustentável para o também pastor Milton Ribeiro. Nesta segunda-feira (29), ele deixou o cargo de titular da pasta. Várias reportagens mostraram o lobby feito pelos líderes religiosos Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC. Eles foram acusados de cobrar propina em dinheiro e favorecer prefeitos aliados.
Ribeiro é o quarto ministro da Educação a ser demitido. No lugar dele, assume interinamente o atual secretário-executivo do ministério, Victor Godoy Veiga. Uma das áreas com maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, o setor foi também um dos mais afetados por cortes de gastos.
São vários os motivos para a exoneração de Milton Ribeiro, mas todos giram em torno do esquema com os pastores. Conheça algumas das histórias que levaram à queda do sujeito.
LEIA MAIS:
1 – Pastores organizavam fila para liberação de dinheiro público no MEC, dizem funcionários
2 – Milton Ribeiro passa pano para Bolsonaro em caso de pastores controlando o MEC
3 – Até ex-ministro de Bolsonaro detona gabinete paralelo de pastores no MEC
Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade, vinham participando de reuniões fechadas para discutir as prioridades da pasta. Eles decidiam até sobre o uso da verba destinada à educação no Brasil.
Gilmar e Arilton estiveram em pelo menos 22 agendas oficiais no MEC nos últimos 15 meses. 19 delas contaram com a presença do ministro. Na agenda oficial de Ribeiro, as reuniões são descritas como de “alinhamento político”. Os pastores atuavam como lobistas, viajando em voos da FAB e abrindo as portas do gabinete ministerial para prefeitos e empresários.
Os dois líderes religiosos têm proximidade com Bolsonaro desde o primeiro ano do governo. Eles participaram, em 18 de outubro de 2019, de um evento no Palácio do Planalto com o presidente. Já em 10 de fevereiro do ano passado, estiveram ao lado do agora ex-ministro e do chefe do Executivo em evento no MEC com 23 prefeitos.
Além de controlar a agenda do MEC para eventos com prefeitos, os religiosos também “organizavam a fila” para a liberação de recursos da pasta para as prefeituras. Essa informação é de um funcionário de alto escalão do ministério que acompanhava o processo.
Para esse funcionário, segundo a coluna de Malu Gaspar no Globo, as cidades acertavam a liberação da verba com deputados e senadores, que usavam o chamado orçamento secreto para fazer repasses aos seus redutos eleitorais.
O dinheiro, que em tese vinha do bilionário Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, era administrado pelos três principais partidos do centrão: PP, PL e Republicanos. Mas nem sempre a grana saía, mesmo quando as emendas vinham carimbadas do Congresso. A demora deixava os prefeitos aflitos. Eles, então, procuravam os dois pastores para liberar a bufunfa.
Em áudio, o então ministro afirmou que permitiu a interferência de pastores no MEC “a pedido” do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirmou ele em conversa com prefeitos e os dois religiosos.
“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, acrescentou.
Milton também indicou haver uma contrapartida à liberação de recursos da pasta. “Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas”. Na gravação, ele não dá detalhes de como esse apoio se concretizaria.
Arilton Moura cobrava propina em dinheiro e até em barras de ouro para liberar recursos direcionados a investimento em educação, segundo acusação.
De acordo com a denúncia feita por Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luis Domingues (MA), o evangélico pediu R$ 15 mil para protocolar demandas do município. Além do dinheiro, solicitou um pagamento antecipado de mais de 1 kg de ouro.
As negociações aconteceram em abril do ano passado, em Brasília, logo após uma reunião com o ministro da Educação. A conversa fazia parte da agenda ministerial, e foi solicitada pelo pastor. “Ele disse que tinha que ver a nossa demanda, de R$ 10 milhões ou mais, tinha que dar R$ 15 mil para ele só protocolar. E na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto, X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro”, comentou Braga.
Os religiosos que controlavam o gabinete paralelo distribuíram exemplares de uma edição da Bíblia com fotografias deles próprios e de Ribeiro. O caso aconteceu em 3 de julho do ano passado, em um evento organizado pelo MEC em Salinópolis (PA).
O prefeito do município, Kaká Sena, do PL, também foi homenageado com sua imagem aparecendo no livro. Entre a contracapa e a folha de rosto, o anfitrião do evento surge em uma foto ao lado da esposa e da filha.
Vendidas a R$ 70 por cada exemplar, as bíblias foram feitas pela Igreja Ministério Cristo para Todos. Trata-se de um ramo da Assembleia de Deus, que tem uma gráfica em Goiânia.
Na tarde desta terça-feira (30), Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria, usou sua…
Na noite desta terça-feira, a Polícia de Nova York entrou na Universidade Columbia para remover…
No Dia do Trabalho, celebrado em 1º de maio, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho,…
Na próxima semana, o Congresso norte-americano realizará uma audiência para discutir uma suposta crise da…
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a afirmar na manhã desta terça-feira…
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deliberou, nesta terça-feira (30), pela complementação da produção de provas…