A filiação de Sergio Moro ao Podemos é vista pela Lava Jato como um legado.
Nos bastidores, entretanto, o ex-juiz tenta contornar entraves no universo político.
Apoiadores da operação, políticos de outras legendas e presidenciáveis de centro-direita que tentam costurar a chamada terceira via foram convidados para o evento de filiação do ex-ministro de Jair Bolsonaro. Acontece nesta quarta, 10, em Brasília.
Um dos desafios de Moro é abandonar sua pauta única de combate à corrupção e segurança pública.
A sigla pela qual vai se candidatar, o Podemos, desvia recursos do fundo partidário para a família Abreu, dona do partido.
Ele não deve assumir formalmente seu ingresso na disputa presidencial já, mas discursará como pré-candidato.
Segundo auxiliares, a fala do ex-juiz vai girar em torno de propostas. A informação é da Folha.
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A “biografia” de Moro e suas poucas chances na política
Moro foi condenado como parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF) neste ano.
Foram anuladas as ações dos casos tríplex, sítio de Atibaia e Instituto Lula pela Lava Jato. Entre os pontos que levaram à suspeição de Moro estão condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, divulgação de grampos e interceptações telefônicas de Lula, familiares e advogados antes de adotadas outras medidas investigativas.
Outro episódio que acabou com a “biografia” de Moro é a divulgação de suas mensagens com procuradores da operação.
A Vaza Jato expôs o conluio entre ele e membros do MPF (Ministério Público Federal).
O então juiz orientou a inclusão de provas contra réu em denúncia já oferecida pelo órgão, indicou testemunha que poderia colaborar contra Lula, sugeriu alterar a ordem das fases da Lava Jato e antecipou ao menos uma decisão judicial.
A participação de Moro no governo Bolsonaro também pesa em sua carreira. Ele aceitou ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro em 2019.
Moro é visto por aliados como uma chance de disputar como candidato da “terceira via”. Se as pesquisas de intenção de voto se confirmarem, entretanto, terá uma carreira política fracassada assim como a de juiz. Pesquisa Datafolha divulgada em maio mostra o ex-juiz com 7% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Ciro Gomes, que tinha 6%.
A única chance que Moro tem de ser competitivo é contando com apoio dos outros candidatos da “terceira via”.
Em pesquisa feita em setembro, o Datafolha aponta Ciro com 9%, João Doria com 4% e Mandetta, 3%. Os líderes do levantamento, Lula e Bolsonaro, aparecem respectivamente com 44% e 26% no primeiro turno.
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