Conselho de Segurança da ONU discutirá denúncia de uso de armas biológicas dos EUA na Ucrânia

"A Missão Diplomática Russa pediu uma reunião do Conselho de Segurança para discutir as atividades biológicas militares dos EUA no território da Ucrânia"

Atualizado em 11 de março de 2022 às 10:19
Reunião de integrantes do Conselho de Segurança da ONU
Reunião de integrantes do Conselho de Segurança da ONU Foto: SPENCER PLATT / AFP

O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai se reunir nesta sexta (11), a pedido da Rússia, para discutir alegações de Moscou de uso de armas biológicas dos EUA na Ucrânia. “A Missão Diplomática Russa pediu uma reunião do Conselho de Segurança para discutir as atividades biológicas militares dos EUA no território da Ucrânia”, disse Dmitry Polyanskiy.

Polyanskiy é o primeiro vice-representante permanente da Rússia nas Nações Unidas e fez essa afirmação no Twitter. Os Estados Unidos negaram, na quarta, as acusações de que Washington estaria operando laboratórios de guerra biológica na Ucrânia, segundo a agência Reuters.

Autoridades dos EUA chamaram essas alegações de “risíveis” e sugerem que Moscou pode estar tentando justificar o próprio uso de arma química ou biológica.

“Este é exatamente o tipo de ação falsa que alertamos que a Rússia pode iniciar, para justificar um ataque com armas biológicas ou químicas”, disse Olivia Dalton, porta-voz da missão americana nas Nações Unidas.

“A Rússia tem um histórico bem documentado de uso de armas químicas e há muito tempo mantém um programa de armas biológicas que viola a lei internacional. Não vamos deixar a Rússia se safar”, acrescentou.

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Armas biológicas, Ucrânia, EUA e as acusações russas

Na noite de terça, a Rússia repetiu sua reiterada acusação, de que os Estados Unidos estão trabalhando com laboratórios ucranianos para desenvolver armas biológicas. Tais afirmações na mídia russa aumentaram no período que antecedeu a movimentação militar de Moscou na Ucrânia.

Elas foram feitas na quarta-feira pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, postou um vídeo em suas redes sociais, na madrugada de hoje, negando as acusações.

“Se quisermos saber os planos da Rússia, basta ver do que eles nos acusam”, disparou no vídeo, questionando qual seriam os alvos dos russos para suas armas químicas.

EUA devem explicar as “instalações de pesquisas biológicas” na Ucrânia

Em testemunho ao Comitê de Relações Exteriores do Senado americano nesta terça-feira 8 de março, quando perguntada se a Ucrânia teria armas químicas ou biológicas pelo Senador Marco Rubio (Republicanos-FL), Victoria Nuland, subsecretária de Estado para Assuntos Políticos, confirmou a existência de “instalações de pesquisa biológica” na Ucrânia. 

Nuland complementa afirmando que caso qualquer ataque biológico ocorra na Ucrânia, ela “não teria dúvidas” de que a Rússia estaria por trás. 

Essa admissão pela Casa Branca sugere a veracidade das recente alegações do Ministério da Defesa russo, que afirmou ter encontrado e destruído patógenos que incluem a peste, antraz, tularemia, cólera e outras doenças mortais. O exército russo alegou ter descoberto 30 laboratórios biológicos na Ucrânia ligados à Agência de Redução de Ameaças da Defesa do Pentágono (DTRA).

De acordo com o site  Antiwar.com,  não é segredo que o governo dos Estados Unidos, mais especificamente o Pentágono, financia laboratórios na Ucrânia. Em 25 de fevereiro, o Boletim de Cientistas Atômicos publicou um artigo citando Robert Pope, Diretor do Programa Cooperativo de Redução de Ameaças do DTRA, alertando para o risco de que patógenos perigosos seriam liberados dos laboratórios existentes na Ucrânia durante o conflito. 

Os funcionários do Pentágono afirmam que esse programa em território estrangeiro é estritamente para fins pacíficos, ao mesmo tempo que Pope adverte sobre a sua periculosidade e risco de acidente.

“A invasão russa da Ucrânia pode colocar em risco uma rede de laboratórios ligados aos EUA na Ucrânia que trabalham com patógenos perigosos”, diz.

“Acho que os russos conhecem o suficiente sobre os tipos de patógenos que são armazenados em laboratórios de pesquisa biológica, e eu não acho que eles iriam deliberadamente visar um laboratório. Mas o que me preocupa é que eles possam ser acidentalmente danificados durante esta invasão russa”.

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