Pesquisa de banco que mostra empate de Lula e Bolsonaro tem indícios de fraude

Atualizado em 23 de fevereiro de 2022 às 20:32
Jair Bolsonaro e Lula
Pesquisa que mostra Lula e Bolsonaro empatados tem indício de fraude – Foto: Reprodução

A pesquisa eleitoral divulgada nesta quarta-feira (23), da ModalMais/Futura e que mostra Lula (PT) e Bolsonaro (PL) tecnicamente empatados tem indícios de fraude amostral. Além de maquiar resultados e ouvir mais eleitores bolsonaristas de propósito, as duas empresas envolvidas no levantamento são comandadas pela mesma gigante do mercado financeiro: a XP.

Os dados divulgados mostram que Lula tem 35,0%, enquanto Bolsonaro aparece com 34,7%. Números muito diferentes do que se vê em todos os outros institutos. Em janeiro, o DCM já alertou sobre as fraudes e como agia o levantamento da Futura, sob encomenda da ModalMais. Naquela ocasião, a empresa ouviu mais eleitores de Bolsonaro no Nordeste que petistas. Isso porque, no questionário houve uma questão sobre em quem o eleitor havia votado em 2018. Nos resultados foi possível ver que os dados da pesquisa não bateram com os da urna, já que os números do atual presidente foram inflados e o do PT diminuídos drasticamente.

Para maquiar o resultado, dessa vez não houve a pergunta. O DCM teve acesso ao relatório completo de fevereiro e não consta a questão. Mas é possível notar a possível fraude ao observar os resultados. Segundo o próprio documento, foram ouvidos 2 mil eleitores de todas as regiões do Brasil, mas o índice percentual apresenta problemas.

Lula e Bolsonaro com números errados

Segundo o relatório da ModalMais/Futura, foram entrevistados 27% de pessoas do Nordeste, algo próximo à população eleitoral da região, segundo dados do TSE. Se o total é de 2 mil eleitores, significa que na região foram entrevistadas 540 pessoas. Desse universo do Nordeste, Bolsonaro aparece com 26,6%, segundo o resultado. Isso representaria 143,64 pessoas, ou seja, não é um número inteiro. Se o instituto não arredondou os resultado e colocou casa decimal com vírgula no resultado, significa que há claro indício de fraude amostral.

O mesmo problema se repete em todas as faixas etárias, de sexo, religião e escolaridade. No caso do Sudeste, por exemplo, Aldo Rebelo aparece no Cenário 1 com 0,1% dos votos, isso significa que ele foi citado por 0,16 pessoas. É possível? Na mesma cartela, mas na região Sul, Boulos teve 0,2%, o que representa 0,59 pessoas. Estranho, não?

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ModalMais e Futura são da XP

Um dado curioso e que chama a atenção é que a ModalMais encomendou a pesquisa e pagou mais de R$ 93 mil para uma empresa do mesmo grupo. Segundo a nota fiscal anexada no site do TSE, a pesquisa foi encomendada pelo Banco Modal, recentemente adquirida pela XP, que comprou milhões de ações num movimento que marcou o mercado financeiro.

Já a Futura Inteligência, que fez a pesquisa, tem três sócios. José Luiz Soares Orrico é um deles, enquanto Eleve Investimentos Ltda é outro e há também Lion Capital Participações Ltda. A Eleve pertence a XP e faz parte do grupo de empresas em que a gigante do mercado financeiro controla.

CNPJ da Futura
Futura tem, entre seus sócios, empresa que é da XP – Foto: Reprodução

Vale lembrar que a XP também banca a pesquisa Ipespe que, divulgada ainda em fevereiro apontou números completamente diferentes das trazidas pela ModalMais/Futura. A pergunta que fica é: por que uma mesma empresa encomenda duas pesquisas para institutos diferentes? Por falar em confusão, a Ipespe fez uma pesquisa em SP e não incluiu o nome de Arthur do Val (Podemos). O pré-candidato conseguiu na Justiça o direito a acessar todos os resultados do instituto porque considerou estranho ninguém citá-lo no levantamento espontâneo.

O DCM denunciou no final de 2021 que o grupo de Bolsonaro estava buscando um Instituto de Pesquisa para apresentar números diferentes de outros resultados e colocar em dúvida a liderança de Lula e também o resultado das urnas.