
Em outubro do ano passado, em discurso no Clube Valdai de Discussões Internacionais, em Moscou, Putin defendeu o que chamou de “conservadorismo saudável”.
Em sua fala, o presidente russo se referiu à “destruição dos valores tradicionais, da fé, das relações entres os seres humanos e a rejeição completa da família” como sendo comuns nos dias atuais, e comparou esses valores propagados na atualidade ao início da União Soviética. Para ele, o mundo passa por uma “quebra estrutural” e, para lidar com isso, propõe o conservadorismo saudável como guia.
“Aqueles que arriscam dizer que homens e mulheres ainda existem, e que isso é um fato biológico, são virtualmente jogados ao ostracismo” no Ocidente, declarou Putin, chamando a situação de “uma total fantasmagoria”. O líder russo também se refere à liberdade de gênero como “monstruosa”. “Como quando as crianças aprendem desde cedo que um menino pode facilmente se tornar uma menina e vice-versa. Na verdade, eles os estão doutrinando nas supostas escolhas que supostamente estão disponíveis para todos – removendo os pais da equação e forçando a criança a tomar decisões que podem arruinar suas vidas”, declarou.
Questionado se esses pontos de vista o tornam um conservador, Putin citou o filósofo russo Nikolai Berdyaev (exilado da URSS) que disse que “o conservadorismo não é algo que impede você de ir para cima e para frente, mas algo que impede você de ir para trás e para baixo. Caos”.
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Bolsonaro e conservadorismo de Putin
Entre os dias 14 e 17 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma visita a Vladimir Putin, visando aprimorar a comunicação e o estreitamento de negociações comerciais com Moscou.
Ao ser questionado por um apoiador se Putin era “conservador” ou “gente da gente”, o chefe de Estado respondeu com foco no objetivo da viagem: “Ele é conservador, sim. […] Vou estar o mês que vem lá. Melhores entendimentos, melhores relações comerciais”, declarou Bolsonaro.
Segundo a mídia, esses roteiros internacionais de Bolsonaro fazem parte de uma tentativa do presidente de reforçar sua imagem de líder conservador junto a seus apoiadores.