
Está preparado o cenário para que Bolsonaro sonegue vacinas nos próximos meses. Tem a briga com São Paulo por causa da terceira dose da Coronavac, tem a redução de 80% no previsto em orçamento para vacinas e tem projeto de lei da extrema direita no Congresso prevendo que a vacina não deve ser obrigatória.
Há um conjunto de atitudes e movimentos na direção da sonegação da vacina, mais do que aconteceu no começo da pandemia.
Ali no começo, quando Bolsonaro enfrentou a vacina de Doria, houve também a estratégia de esperar que os parceiros se organizassem para fazer a intermediação de vacinas e as negociatas com as facções do Ministério da Saúde.
Há dúvida que se coloca diante dessa possibilidade real de falta de vacina é: o que acontecerá se não houver imunizantes suficientes para completar a segunda dose num tempo razoável e para que seja aplicada a terceira?
Acredito que haverá uma longa discussão jurídica, com a participação de palpiteiros sobre leis, danos e punições, mas não acontecerá mais nada além disso.
Haverá a gritaria dos governadores e dos epidemiologistas e infectologistas. Mas nada que se dissemine pelo que ainda chamam de sociedade civil.
Se Bolsonaro negar o fornecimento de vacina, como fez no começo, e passar a transferir pequenas quantidades aos Estados, apenas para cumprir carnê, a classe média vai se levantar? Não acredito.
A classe média só se levantaria se Bolsonaro decidisse censurar ou tirar do ar a Netflix.
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NAPOLEÃO NO PANGARÉ

Cada país tem o Napoleão que merece. Esse é o Napoleão brasileiro, em sua entrada triunfal ontem em Uberlândia. Montado a cavalo agarrado à sela como se fosse uma criança e com um cowboy puxando o fogoso pangaré pelas rédeas.
(Texto originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES)