Socorrista negra do Samu diz que família não queria que ela atendesse paciente

Atualizado em 22 de março de 2022 às 11:37
Laura e outros dois funcionários do Samu
Laura e outros dois funcionários do Samu/ Foto: Acervo pessoal

No último dia 12, a socorrista Laura Cristina Cardoso, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), afirmou que a família de um paciente não queria que ele fosse atendido por ela durante um atendimento, por ser negra.

Laura, que é enfermeira da Unidade de Suporte Intermediário, contou que atendia a um chamado para socorrer um idoso que passava mal quando familiares do paciente fizeram os comentários. “A senhora ficou meio desesperada e gritou: ‘E agora, filho? Ela é negra.’ Aí, o filho respondeu: ‘Tudo bem, mamãe. Ela está usando luvas'”, contou a enfermeira ao G1. Ainda de acordo com ela, o idoso se assustou quando a viu, mas ela não reagiu e decidiu focar em salvar a vida dele.

Em nota, a A Prefeitura de São Paulo, por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), disse que “lamenta o ocorrido e repudia qualquer caso de discriminação, com cunhos racistas e preconceituosos”. Ontem (21), foi celebrado o Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial.

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A reação da socorrista

Em uma postagem nas redes sociais, Laura contou sobre o ocorrido e disse que “a vítima foi devidamente atendida pelas minhas mãos negras enluvadas”.

“Naquela hora, vendo aquele idoso passando mal, o que eu vou responder para uma pessoa dessa? Também não reagi por causa do meu juramento. O juramento da Enfermagem é proteger a vida desde a concepção até a morte. E eu faço isso. Protejo a vida. Mesmo a vida dos racistas. Qualquer outra atitude poderia colocar a vítima em risco”, disse.

“Então é respirar fundo, trincar os dentes e seguir em frente. Se você está perguntando por que essas pessoas receberam o melhor tratamento possível, eu respondo: quem elas são não muda quem eu sou”, completou Laura.

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