Sueca que namorou Renan, do MBL, diz ao DCM que ele comparava mulheres a prostitutas e era racista

Veja alguns trechos da entrevista com a ex-namorada de Renan

Atualizado em 8 de março de 2022 às 9:34
O “Tour de Blonde” de Renan Santos, do MBL, na Suécia

Por Catarina Barbosa e Vinícius Segalla

Uma sueca que teve relacionamento amoroso com Renan Santos há 12 anos disse ao DCM que o fundador do MBL (Movimento Brasil Livre) era uma pessoa machista, que identificava mulheres em geral como prostitutas, e racista, que chamava sua trabalhadora doméstica de escrava.

A entrevista foi concedida por escrito e sua reprodução está em posse da reportagem. O nome da mulher, a seu próprio pedido, será mantido em sigilo.

Renan Santos a conheceu na Suécia, em uma das viagens que seu correligionário deputado estadual Mamãe Falei (Podemos-SP) nomeou como “tour de blonde”, em que Renan colocaria em prática “técnicas avançadas” para obter sucesso sexual com mulheres loiras da Europa.

A ex-namorada de Renan afirmou também que, ao contrário dele, a irmã Stephanie e a mãe da família Santos são boas pessoas. Dois dias após a reportagem ter procurado a mulher para falar sobre o tema, o próprio Mamãe Falei anunciou que o amigo Renan tivera sim uma namorada sueca, que conhecera em uma viagem à Europa, mas que não em uma viagem com objetivos sexuais, como teria erroneamente dado a entender.

Veja, abaixo, alguns trechos da entrevista com a ex-namorada de Renan, na reprodução original em inglês e, logo a seguir, com tradução e contexto em português.

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“Não estou nem um pouco surpresa que isso tenha aparecido”

Neste trecho, a sueca que se envolveu com Renan Santos diz que não está nem um pouco surpresa com esse caso de machismo que agora veio à baila. 

“E ele ainda é muito racista”, diz ela, que completa: “Fiquei muito triste quando soube que ele havia se tornado um político. Mas sua irmã e sua mãe são boas pessoas e não têm as ideias dele”.

“Ele chamava sua empregada de ‘minha escrava’”

Neste trecho, a sueca diz que Renan Santos “era extremamente racista. Ele fazia piadas dizendo que tinha uma escrava em casa, fazendo a limpeza. Ele a chamava de ‘minha escrava’”.

Ela conclui: “Ele só falava coisas ruins sobre as pessoas negras, que eles eram a raça menos inteligente, e por aí vai…” 

“Ele dizia coisas como ‘todas as mulheres são prostitutas’”

Nesta parte, a ex-namorada comenta de como era o ambiente no entorno de Renan no Brasil. Conforme afirmou o próprio Mamãe Falei em seu último vídeo, o amigo trouxera a namorada ao país. “Pessoas negras nunca estavam por perto, a não ser pela empregada”, comenta ela.

A sueca conta também que Renan “tinha uma visão muito estranha e sexista sobre as mulheres”, e que não consegue lembrar em detalhes em virtude dos 12 anos passados, mas que ele “dizia coisas como ‘todas as mulheres são prostitutas’”.

Baterista do “The Strokes” 

Um advogado, um promotor e um juiz de direito, todos ex-alunos da Faculdade de Direito da USP e contemporâneos de Renan Santos na instituição, contaram ao DCM um idêntico e insólito episódio. Assim como a ex-namorada, o fizeram na condição de anonimato, mas também por meio de mensagens de celular e arquivos de áudio, igualmente mantidos sob a guarda da reportagem.

No que se conta, Renan Santos teria namorado uma moça considerada “pobre” por ele por cerca de um ano. Durante todo este tempo, ele teria enganado a mulher dizendo ser baterista da banda “The Strokes”.

“Isso não era segredo para ninguém. Ele falava entre risos, na mesa do Porão (nome como é conhecido pelos estudantes o local onde fica a sede e o bar do Centro Acadêmico XI de Agosto)”, afirma o juiz de direito.

“Sei que o rapaz era racista por Facebook, email e tal, mas isso tudo foi apagado. Lembro que falava coisas do tipo ‘estou trabalhando para que meu filho tenha sobrenome nórdico’, já assim evidente só com quem era próximo”, conta o promotor.

“Tem essa história de que ele fingia que era baterista dos Strokes e enganou uma menina por muito tempo. Essa eu ouvi da boca dele”, conclui um advogado. 

O DCM tentou entrar em contato com Renan Santos mas não teve sucesso até a publicação desta reportagem. Caso o fundador do MBL venha a se manifestar, sua resposta será publicada nesta página.

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