Após terrorismo econômico, terceira via bate à porta dos quartéis. Por Geraldo Seabra

Atualizado em 25 de outubro de 2021 às 20:11
Ciro Gomes
Ciro Gomes, único da “terceira via” sem origem bolsonarista; – Foto; Barbara Cabral; Esp. CB; D.A Press; 10/10/18 )

Desesperada com a possibilidade de uma recuperação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) capaz de levá-lo a um eventual segundo turno no pleito presidencial do próximo ano, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a chamada “terceira via”, articuladora de uma candidatura alternativa à do presidente, depois do terrorismo econômico que patrocinou após a confirmação do valor de R$ 400 do novo Bolsa Família, passou a bater à porta dos quartéis em busca do apoio dos generais a um candidato capaz de vencer Lula.

Inventora do “nem-nem”, nem Lula nem Bolsonaro, a terceira via reúne até o momento cerca de onze candidaturas que têm em comum o aprofundamento da política econômica liberal – com mais privatizações, menos direitos sociais e trabalhistas e um estado mínimo – o fato de terem sido eleitos na esteira da eleição de Bolsonaro, apoiaram ou apoiam o seu governo, mas que acham que o presidente não entregou tudo o que prometeu nem demonstrou o verniz necessário para a liturgia do cargo que ocupa.

De todos os candidatos colocados a concorrer contra Lula, somente Ciro Gomes não tem origem bolsonarista. Mas ele já ensaia uma dobradinha com o governador de São Paulo, João Dória, caso este venha a ser o escolhido do PSDB como o postulante do partido à candidatura da terceira via.

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Com os grupos de comunicação Globo e O Estado de S. Paulo à frente de mais esse golpe contra a democracia brasileira, o desespero mostrou-se evidente já na noite da última quinta-feira, quando o Jornal Nacional surpreendeu ao dedicar praticamente toda a sua edição a criticar o ministro da Economia, Paulo Guedes, por ter desrespeitado o limite do teto de gastos para possibilitar o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400, o novo Bolsa Família. Foi um verdadeiro desfile de economistas liberais a pregar o caos com a adoção do novo valor, furando o teto, num terrorismo que prenunciava até mesmo a anulação do auxílio, que seria corroído pela elevação da inflação.

Desespero da terceira via

Para reforçar o desespero da terceira via, o espírito das vivandeiras baixou neste final de semana no Estadão, quando o jornalão da família Mesquita publicou uma enquete que fez entre os comandantes militares em apoio à terceira via e condenação relativa a Bolsonaro, mas absoluta à volta de Lula ao poder. A ordem do dia da caserna, segundo a reportagem, é romper a polarização com os generais defendendo a necessidade de se consolidar uma candidatura de terceira via por acreditarem que a vitória de Lula ou Bolsonaro estenderia o cenário de conflitos, com piora do ambiente político.

Como pescadores de águas turvas, patrocinadores da terceira via esses veículos de comunicação parecem pretender devolver ao Alto Comando das Forças Armadas a escolha do presidente da República, tal como ocorria durante a ditadura militar (1964-1985), quando os generais escolhiam o candidato e enviavam o seu nome ao Congresso Nacional para que fosse sancionado, depois de ter abortada sua tentativa de golpe em 7 de setembro, Bolsonaro vê-se agora diante de um movimento bumerangue, em que o alvo é ele.

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