“Abin paralela” deixou rastros da espionagem ilegal sobre o caso Marielle, diz PF

Atualizado em 26 de janeiro de 2024 às 12:55
Marielle Franco, assassinada em 2018. Foto: reprodução

A Controladoria-Geral da União (CGU) descobriu novos elementos que evidenciam o monitoramento ilegal da promotora Simone Sibilio, responsável pelo caso das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, pela chamada “Abin paralela”. A investigação da Polícia Federal, iniciada em agosto de 2023, descobriu rastros de pesquisas sobre a promotora no sistema, incluindo seu currículo.

Segundo o Uol, durante a investigação, a CGU identificou que toda impressão de material gera um “log” no sistema, funcionando como um rastro para mostrar quem abriu ou imprimiu um documento. Ao analisar esses registros, os investigadores encontraram o currículo da promotora, sem o logo oficial da agência, entre os documentos impressos pela “Abin paralela”.

O material, que não tinha relação com as atribuições da agência e não estava vinculado a nenhum alvo específico, foi produzido em uma impressora oficial da Abin.

Os registros no sistema indicaram que os documentos foram elaborados pelos policiais federais requisitados por Alexandre Ramagem, então diretor da Abin no governo Bolsonaro. Em decorrência dessas descobertas, os policiais envolvidos no episódio foram alvos de mandado de busca e apreensão durante a operação de quinta-feira (25).

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. Foto: reprodução

A Operação Última Milha, iniciada em outubro de 2023, em alusão ao software de espionagem FirstMile, foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e revelou que a Abin foi utilizada durante o governo Bolsonaro para monitorar, além da promotora, juízes do STF e até adversários políticos.

Ramagem, que liderou a agência durante o governo Jair Bolsonaro (PL), é atualmente deputado federal e figura entre os alvos da operação. Os investigadores realizaram diligências com mandados de busca tanto em seu gabinete quanto no apartamento funcional da Câmara que ele ocupa.

A decisão de Moraes destaca a “instrumentalização da ABIN para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava, Anderson Gomes”.

Simone Sibilio, responsável pelo caso desde 2018, deixou a investigação em 2021, alegadamente por receios e insatisfação com “interferências externas”. O caso continua sob investigação do MP-RJ, e a Polícia Federal (PF), a pedido do ex-ministro Flávio Dino, abriu um inquérito para ampliar a “colaboração federal” nas investigações.

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