Bolsonaro confirma que desafiou Anvisa: “Não acreditam na ciência?”

Atualizado em 23 de setembro de 2021 às 19:34
Bolsonaro
Bolsonaro falou em sua live

O presidente Jair Bolsonaro confirmou que conversou com a Anvisa sobre a quarentena. Durante a sua tradicional live de quinta (23), ele deixou claro que reclamou com os servidores da agência. Inclusive, voltou a fazer insinuação negativa sobre as vacinas contra Covid-19.

“A Anvisa recomendou que eu ficasse de quarentena, eu até questionei o pessoal. ‘Até quem tá vacinado tem que estar de quarentena? Vocês não acreditam na ciência?’”, afirmou o governante brasileiro.

Ele precisa ficar cinco dias em quarentena, porque teve contato com o ministro da Saúde. Marcelo Queiroga, que está em Nova York, foi diagnosticado com Covid. Agora terá que ficar nos Estados Unidos pelos próximos 12 dias.

“Hoje tomei conhecimento de mais duas pessoas, conhecidas, conhecidas de todo mundo, que contraíram o vírus. Falei com as duas, troquei uma ideia com elas, pediram pra não falar o nome delas. Mas eu pergunto: o passaporte de vacina é eficaz? O Queiroga poderia estar andando por aí”, acrescentou Bolsonaro.

O DCM havia informado que o presidente tinha ficado muito irritado com a Anvisa. “Vão fazer o que? Me prender?”, teria dito o presidente. A frase foi dita por um interlocutor ao DCM sob a condição de anonimato. O governante ainda perguntou: “Eles estão achando que sou argentino?”.

A citação foi referente ao fato da Anvisa ter invadido o jogo entre Brasil e Argentina para retirar jogadores que não cumpriram a quarentena. Para Bolsonaro, a orientação da Anvisa teria sido uma espécie de desafio para o estilo do presidente.

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Bolsonaro x Anvisa

O DCM também noticiou que o governante brasileiro tinha consciência que a agência falaria do isolamento. Então ele resolveu conversar com aliados ideológicos para saber como proceder. O conselho que escutou foi de que deveria enfrentar a Anvisa e não cumprir o tempo determinado de quarentena.

Quando soube oficialmente que precisaria ficar 14 dias em isolamento, o presidente deixou claro: “Não ficarei”. A Anvisa tinha consciência que isso aconteceria e também se preparou para poder enfrentá-lo. Informou que usaria os recursos legais para que a lei fosse cumprida.

Parlamentares de oposição se preparavam para criticar o chefe do executivo federal. O entendimento que era uma afronta o líder do país não respeitar a agência. Inclusive, alguns buscavam alguma brecha judicial sobre o assunto para entrar com ação no STF.

O Centrão se desesperou. O discurso de Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU e a Covid-19 de Queiroga havia colocado fogo no cenário político novamente. Um possível desacato do presidente para Anvisa, faria o país entrar em chamas.