Bolsonaro pediu que Enem trocasse “Golpe Militar” por “revolução”

Atualizado em 19 de novembro de 2021 às 6:25
Jair Bolsonaro e os militares. Foto: Presidência da República
Bolsonaro e os militares

Jair Bolsonaro pediu que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, tratasse o Golpe Militar de 1964 como revolução no Enem. O pedido do presidente ocorreu no primeiro semestre deste ano, segundo membros do governo. O chefe da Educação levou a fala a membros da pasta e ao Inep, mas não trabalhou de modo prático, uma vez que os itens passam por longo processo de elaboração.

Desde 2019, primeiro ano do atual governo, nenhuma questão sobre a ditadura caiu no Enem. Isso é algo inédito desde que o exame é aplicado.

A pressão por causa da prova com a “cara do governo” gera desespero entre servidores envolvidos com a prova. Eles temem perseguições e punições caso o exame desagrade Bolsonaro. A informação é da Folha.

Há pressão para que o exame elimine temas desde o início do governo. Em 2019, por exemplo o governo censurou tirinha da Mafalda no exame. Uma comissão montada para avaliar as questões não aprovou enunciado que continha história da personagem de quadrinhos. “Gera polêmica desnecessária”, foi a conclusão.

No ano passado, após a prova, o presidente criticou uma questão que falava da diferença salarial entre Neymar e Marta. Para ele, era um tema ideológico.

“O banco de questões do Enem não é do meu governo ainda, é dos governos anteriores. Têm questões ali ridículas, ainda. Ridículas, tratando do assunto. Comparando mulher jogando futebol, mulher e homem, por que que a Marta ganha menos que o Neymar…”, afirmou à época.

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Governo Bolsonaro censurou 24 questões do Enem

A censura tem aumentado na atual gestão de Inep, que tem Dupas Ribeiro como presidente do instituto. Neste ano, o Inep passou a imprimir a prova previamente. O procedimento é inédito. Com isso, mais pessoas tiveram acesso ao Enem antes de sua aplicação.

Quem examinou a primeira versão foi o diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, Anderson Oliveira, que está no cargo desde maio. 24 questões foram retiradas da prova após “leitura crítica”. Algumas dela foram consideradas “sensíveis”.

A retirada de questões da prova para deixá-la com a “cara” do governo, deixou o Enem descalibrado. O exame tem uma quantidade de questões consideradas fáceis, médias e difíceis. 13 das questões suprimidas foram reinseridas após constatar que houve mudanças no nível de dificuldade.

 

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