Governo Bolsonaro tentou infiltrar criacionista na montagem do Enem

Atualizado em 19 de novembro de 2021 às 10:12
Milton Ribeiro, o ministro da Educação, e Jair Bolsonaro. Foto: Carolina Antunes/PR

O governo Bolsonaro tentou incluir profissionais que não passaram em processo seletivo na montagem do Enem. Entre os infiltrados do governo Bolsonaro estava uma professora de Biologia criacionista. Também havia bolsonaristas e quatro docentes ligados à Universidade Mackenzie. No total, a lista tinha 22 nomes.

A lista teria sido feita por Danilo Dupas, presidente do Inep, com anuência do MEC. As pessoas receberiam a permissão para entrar na sala segura do Enem, ambiente que tem detectores de metal e senhas. Eles poderiam também escolher questões da prova a partir do banco de itens e acompanhar a impressão da prova na gráfica.

A relação dos nomes foi descoberta por servidores do Inep e levou a pedido de demissão do coordenador da área, que discordou da medida. A lista circulou entre funcionários e muitos se descontentaram. Após protestos, Dupas recuou e retirou os nomes da relação.

Um dos requisitos obrigatórios para integrar a equipe de colaboradores externos é a a experiência em “elaboração e/ou revisão de itens do ensino médio”. Depois de selecionados, os candidatos ainda participam de 40 horas de capacitação sobre “normas e os procedimentos técnicos exigidos para desenvolver o trabalho”.

A lista que chegou da diretoria da Avaliação da Educação Básica do Inep tinha 15 nomes de professor já aprovados e servidores. Os 22 professores que não passaram pelo processo seletivo também estavam lá. Todos faziam parte de um grupo que seria vacinado prioritariamente pelo governo.

A informação é do Estadão.

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Bolsonaro pediu que Enem trocasse “Golpe Militar” por “revolução”

Bolsonaro pediu que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, tratasse o Golpe Militar de 1964 como revolução no Enem. O pedido do presidente ocorreu no primeiro semestre deste ano, segundo membros do governo. O chefe da Educação levou a fala a membros da pasta e ao Inep, mas não trabalhou de modo prático, uma vez que os itens passam por longo processo de elaboração.

Desde 2019, primeiro ano do atual governo, nenhuma questão sobre a ditadura caiu no Enem. Isso é algo inédito desde que o exame é aplicado.

A pressão por causa da prova com a “cara do governo” gera desespero entre servidores envolvidos com a prova. Eles temem perseguições e punições caso o exame desagrade Bolsonaro. A informação é da Folha.

Há pressão para que o exame elimine temas desde o início do governo. Em 2019, por exemplo o governo censurou tirinha da Mafalda no exame. Uma comissão montada para avaliar as questões não aprovou enunciado que continha história da personagem de quadrinhos. “Gera polêmica desnecessária”, foi a conclusão.

No ano passado, após a prova, o presidente criticou uma questão que falava da diferença salarial entre Neymar e Marta. Para ele, era um tema ideológico.

 

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