A desfiliação de Geraldo Alckmin foi só a ponta do iceberg. O ex-governador, que neste domingo participou com Lula de evento organizado pelo Grupo Prerrogativas, vai levar com ele boa parte do PSDB paulista, hoje comandado pelo seu desafeto João Doria.
Doria, que venceu as prévias do partido em disputa controvertida contra Eduardo Leite, terá de administrar problemas dentro e fora do seu estado em 2022.
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Apoiadores de Leite nas prévias não estão dispostos a seguir com o gestor na disputa pela presidência. Tanto que estão organizando um evento do ‘PSDB paralelo’ para o começo do ano.
Vai acontecer em São Paulo, num sábado à tarde, movido a roda de samba. A ideia é juntar até duas mil pessoas.
“São quadros do partido que não aceitam o comando de Doria”, disse ao DCM, sob condição de anonimato, um fundador do PSDB.
O movimento tem a intenção de mostrar que o governador de São Paulo só venceu as prévias porque promoveu filiação em massa de militantes e controlou os votos para superar o adversário.
Soma contra Doria os números do Datafolha divulgados neste fim de semana: mostram o governador reprovado pela maioria. Consideram seu governo ruim ou péssimo 38% dos entrevistados.
Sem um candidato competitivo, e com o PSDB levado a fletar com eleitores de Bolsonaro e Moro, os caciques do partido querem usar Alckmin para duas coisas: ocupar o espaço da vice-presidência por meio da chapa com Lula e retomar o comando do partido em São Paulo.
Tucano biônico
Rodrigo Garcia, indicado para concorrer ao governo do Estado, vem sendo chamado de ‘tucano biônico’ pela militância contrária ao gestor. Garcia foi escolhido por Doria antes mesmo de se filiar ao partido, com o qual não tem nenhuma identidade.
O gesto dos apoiadores de Eduardo Leite é revelador do quanto Doria está só. Venceu as prévias, será candidato à presidência, mas não tem o controle tampouco a simpatia dos caciques do partido, que ainda não perderam a esperança de vê-lo fora do PSDB.
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