Por que Tabata Amaral é uma pedra no sapato de João Campos em Pernambuco

Atualizado em 13 de março de 2022 às 22:05
Tabata e João Campos se abraçam
João Campos e Tabata Amaral causaram desconforto no grupo de Alckmin

Ainda não se sabe o tamanho do estrago, mas a primeira fissura já foi aberta: Tabata Amaral pode atrapalhar o namorado, Joao Campos, se insistir na defesa de pautas antipopulares na eleição. Nesta semana, a deputada chiou quando o PSB anunciou a intenção de filiação de Geraldo Alckmin e selou a aliança com o PT – o ex-governador de SP será candidato a vice na chapa de Lula.

Tabata, que já havia votado contra os interesses dos trabalhadores na reforma da Previdência, agora sinaliza que é contra também uma das principais bandeiras já anunciadas por Lula: a contra-reforma trabalhista, inspirada em modelo adotado na Espanha.

Ficassem apenas no circuito dos Jardins, bairro paulistano que frequenta com o namorado, as declarações da deputada não iriam incomodar o filho de Eduardo Campos.

O problema é que a declaração contra a reforma trabalhista repercutiu mal em Pernambuco, onde a família Campos mantém forte influência política desde Miguel Arraes, bisavô do atual prefeito da capital.

Até por ser o estado de Lula (nasceu em Garanhuns), Pernambuco é um dos principais redutos do ex-presidente. Parte importante de seus apoiadores são ligados à família Arraes, e João sabe que a relação com o petista baliza a sua vida pública. Se afastar de Lula é tudo o que João Campos não pode.

Em que medida a rejeição de Tabata a um projeto popular pode atrapalhar os planos de João Campos, já que ela, por desincompatibilidade ideológica, já abandonou seu partido de origem, o PDT, para se refugiar sob as asas do namorado no PSB?

Tabata é desconhecida em Pernambuco, exceto por dois motivos. Primeiro por ser namorada do prefeito da capital. E depois por ter rivalizado com uma prima de Campos, Marília Arraes, deputada federal, pela autoria do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, vetado por Bolsonaro e que prevê a distribuição gratuíta de absorventes.

Tabata quase não vai a Pernambuco – João é que se descolca para encontrá-la em São Paulo.

Ele é bem avaliado como prefeito de Recife.

Logo cedo já está na rua, tem bom trânsito popular e aparenta ser antenado com o cotidiano da cidade.

No primeiro ano já implantou sua principal promessa de campanha, um programa de micro-crédito, e mostrou criatividade na proposta de revitalização do centro histórico da capital com o lançamento do projeto ‘Prefeitura do centro’.

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No encontro com empresários, em que condenou a ideia de Lula de mitigar os efeitos nocivos da reforma trabalhista, Tabata viu o namorado também reconhecer que torce pelo surgimento de uma 3ª via na corrida presidencial.

João só não contava que, desta vez, sua falação entre boa comida boa e vinho caro em São Paulo fosse reverberar com tanta força no seu estado.

No PSB, especialmente entre os novos apoiadores da aliança com Geraldo Alckmin, a preocupação é de que o posicionamento de Tabata crie ruídos na relação do namorado com seus eleitores.

Campos entre a cruz e a espada

Assim, quem está entre a cruz e a espada não é a deputada, e sim o jovem herdeiro dos Arraes.

Tabata tem foco e sabe que chegou lá para atuar como despachante de luxo daqueles que financiaram sua formação e sua ascensão na vida pública.

Com Campos é diferente: vem de uma família com pé no movimento popular e atenta às causas sociais. A situação se acentua quando se lembra que a proximidade de Lula é vital à sua sobrevivência política.

O fato de Tabata ir pouco a Recife ajuda. O problema é que agora o que fala em São Paulo começa a ser ouvido nas ruas da cidade administrada pelo namorado.

Tucana de Caruaru desponta na corrida ao governo do estado

A corrida eleitoral em Pernambuco começa com uma novidade: trata-se da tucana Raquel Lyra, prefeita reeleita de Caruaru, segundo maior reduto eleitoral do estado.

Raquel desponta bem nas pesquisas e já é tida como favorita para governar o estado.

O PSB de João Campos aposta em Danilo Cabral, ex-deputado e ex-secretário de Educação e Planejamento no governo do pai, entre 2007 e 2014.

Em Pernambuco, Bolsonaro tem um candidato titular e outro reserva: p titular é Anderson Ferreira, prefeito de Jaboatão do Guararapes, na região metropolitana de Recife.

Como linha auxiliar do bolsonarismo, destaca-se Miguel Coelho, prefeito de Petrolina, filho de ex-líder de Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho.

Outro que desfruta do apoio de Bolsonaro em Pernambuco é Gilson Machado, o ministro sanfoneiro do Turismo que o presidente quer transformar em senador.

Partido forte em Pernambuco, o PSB inicia rateando com Danilo Cabral a corrida eleitoral de 2022: se Tabata não atrapalhasse João Campos com declarações e posicionamento desastrosos, como fez no PDT, já seria um alento.

O problema é ela insistir em se vender como de esquerda, num partido de vocação popular, quando todo mundo sabe que não passa de uma preposta da nossa direita mais gananciosa e atrasada. A direita que apostou e trabalhou pelo golpe, e por fim abraçou Bolsonaro para depois se arrepender e virar uma barata tonta.

Sem ter a quem recorrer, a imprensa corporativa tenta dar uma força, incensando Tabata e a sua conversa mole sobre esquerda e direita. O máximo que consegue é expor a menina, que não consegue iludir nem o mais apaixonado seguidor do velho Miguel Arraes.

Ciro se arrependeu das bobagens que falou sobre Tabata antes dela se revelar nas votações na câmara dos deputados. João Campos que abra o olho.

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