“Touro de Ouro era uma mentira e eu quis mostrar a realidade”, diz artista que instalou ‘vaca magra’ em frente à B3

Atualizado em 10 de dezembro de 2021 às 14:14
Márcia Pinheiro e escultura de vaca
Márcia Pinheiro com escultura da sua exposição ‘Vacas Magras’, em 2012.
Foto: Reprodução

A artista cearense Márcia Pinheiro, responsável pela escultura da vaca magra amarela instalada em frente ao prédio da Bolsa de Valores, no Centro de São Paulo, falou nesta sexta-feira (10) ao DCM. A obra ocupa o mesmo local onde havia sido colocado, no mês passado, o ‘Touro de Ouro’.

Leia mais:

1. Julian Assange perde apelação em processo de extradição
2. Muito além da boate Kiss: cartas psicografadas já foram usadas para absolver réus
3. Mensagens de Sara Winter mostram que Olavo de Carvalho orquestrou movimentos golpistas

A imitação brasileira do touro de Wall Street, doada por um empresário bolsonarista, foi alvo de protestos logo após sua instalação, no dia 16 de novembro. Retirada uma semana depois, quando a empresa responsável foi multada por falta de licença urbanística, a estátua deu lugar a outra que representa muito melhor o Brasil de Bolsonaro.

Márcia contou que a intervenção urbana chamada ‘Vacas Magras’ está em curso desde 2011. A escultura exposta em frente ao prédio da B3 faz parte de um grupo de 10 unidades que foram exibidas durante cinco anos nas ruas de Fortaleza.

Escultura da vaca magra
Escultura de vaca magra instalada em frente ao prédio da B3, em São Paulo.
Crédito : André Fontes

A ideia surgiu quando ela foi visitar a mãe, que na época morava no sertão nordestino. “Todo o meu trabalho é relacionado a questões sociais e a vaca tinha o objetivo de denunciar as secas no Nordeste. Nesse tempo que passei com minha mãe, acompanhei de perto a evolução da estiagem. A cada ano esta situação se agravava e eu percebi que precisava fazer alguma coisa”, relatou a pintora e escultora.

“Eu fiz as vacas e levei às ruas de Fortaleza para sensibilizar, impactar as pessoas e torná-las mais solidárias a esse sofrimento.”

Até agora, a artista só havia exposto seus trabalhos na capital do Ceará, mas teve a ideia de trazer a obra para São Paulo após ver a repercussão negativa sobre o Touro de Ouro.

“Senti que aquilo não fazia parte da nossa cultura e da nossa realidade, era uma coisa fantasiosa. Depois acompanhei a polêmica e todos os protestos, aí eu disse: ‘Vou mostrar um pouquinho da nossa realidade'”, contou, acrescentando que “realmente quis causar esse conflito e essa dicussão que está sendo gerada”.

Escultura de vaca magra em Fortaleza
Escultura da exposição ‘Vacas Magras’ em Fortaleza. Foto: Sara Parente

Formada em Artes Visuais e Design Gráfico, Márcia Pinheiro se define como uma artista multimídia que trabalha com várias linguagens. Ela já participou de exposições coletivas, como a 5ª Bienal Nacional de Gravura-Olho Latino, em São Paulo, Arte Contemporânea e Artes Plásticas em Fortaleza e o 3º Salão Internacional de Artes Visuais. “Me identifico com a arte do posicionamento, levando a arte às ruas para gerar discussões e conscientizar as pessoas”.

Para levar a vaca magra a São Paulo, ela disse que foi ajudada por alguns amigos artistas. Trabalhando autonomamente, sem produtora, Pinheiro afirmou que não esperava o sucesso que a obra teve.

“Não tenho produtora, tive algumas pessoas que me ajudaram. Eu articulei tudo de dentro da minha casa. Não esperava todo esse retorno.”

Veja abaixo mais fotos da exposição ‘Vacas Magras’:

Márcia Pinheiro e escultura de vaca
A pintora e escultora Márcia Pinheiro. Foto: Sara Parente
Vaca magra em posto de gasolina
Escultura da exposição ‘Vacas Magras’ nas ruas de Fortaleza. Foto: Sara Parente
Vaca magra na rua
Escultura de vaca magra em Fortaleza.
Foto: Anderson Braz
Márcia Pinheiro
Márcia Pinheiro ao lado de escultura da exposição ‘Vacas Magras’.
Foto: Arquivo pessoal

Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link