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CPI: mensagens indicam ação do gabinete do ódio bolsonarista para atacar opositores do governo

Tércio ao lado de Jair Bolsonaro Foto: Reprodução / Facebook

Do Globo

Mensagens em poder da CPI da Covid indicam que blogueiros ligados ao governo usavam grupos de Whatsapp para coordenar ataques nas redes sociais contra adversários políticos do presidente Jair Bolsonaro.

A estratégia foi usada em mobilizações contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), uma das principais denunciantes do suposto esquema que envolveria também a divulgação de notícias falsas e o uso de robôs — a parlamentar prestou depoimento à CPI das Fake News.

O material foi obtido com exclusividade pelo GLOBO.

Em uma conversa num grupo de WhatsApp, em abril de 2020, o youtuber bolsonarista Bernardo Küster afirmou: “Recebi ordens do GDO para levantar forte a tag #DoriaPiorQueLula. Bora lá no Twitter”, escreveu, sendo apoiado por outros integrantes do chat.

O termo “GDO”, segundo senadores da CPI da Covid, seria uma referência a “Gabinete do Ódio”, forma como um grupo de auxiliares do presidente com atuação nas redes ficou conhecido.

Em um diálogo com um assessor parlamentar da deputada bolsonarista Caroline de Toni (PSL-SC), que tinha acesso a documentos sigilosos da CPI das Fake News, Küster perguntou quando poderia “vazar” uma informação que obtivera sobre a “Pepa”, termo jocoso usado para se referir a Joice, que denunciou ataques orquestrados de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. (…)

MENSAGENS CITAM “GABINETE DO ÓDIO”

A expressão “gabinete do ódio” ficou conhecida publicamente para indicar assessores lotados no Palácio do Planalto encarregados de utilizar a internet para atacar opositores do governo e disseminar fake news.

O núcleo de Bolsonaro sempre negou a existência do grupo, mas, nas mensagens, o termo é usado com frequência.

Em uma delas, em dezembro de 2019, Küster diz a Filipe Martins, assessor para assuntos internacionais da Presidência, que havia acabado de entrevistar Bolsonaro. O youtuber relatou que a conversa no Planalto ocorreu na presença de “um gordinho de óculos”. Martins respondeu: “O Tércio. Membro original do gabinete do ódio”.

Tércio Arnaud é assessor especial lotado na Presidência da República e é um dos responsáveis por produzir conteúdo para as redes de Bolsonaro. (…)

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PF aponta que o gabinete do ódio de Bolsonaro se expandiu além do Palácio do Planalto

O inquérito da Polícia Federal sobre atos antidemocráticos, que teve o sigilo foi parcialmente removido neste mês, mostrou mais informações sobre a estrutura de páginas e perfis nas redes sociais ligados ao chamado “gabinete do ódio”.

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Além do grupo de assessores empregados na Presidência da República, novos elementos confirmam que o grupo tinha grande capilaridade, envolvendo os três filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e políticos aliados.

Esses novos elementos reforçam a tese de que o gabinete do ódio é coordenado diretamente pela família Bolsonaro e operacionalizado por três assessores presidenciais recrutados pelo vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos).

Os nomes são: Tércio Arnaud Tomaz, apontado como chefe do grupo; José Matheus Salles Gomes e Mateus Diniz.

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À PF, eles admitiram pela primeira vez atuar na comunicação do governo federal.

 

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