A reportagem da Mara Gama na Folha informa que as bonecas são embaladas em camadas e mais camadas de plástico. Até 15. A cada pele de plástico retirada, aparecem enigmas, códigos e dicas em adesivos e pedacinhos de papel plastificado. Depois das camadas finas, em bolas ou tubos de plástico divididas em vários compartimentos, estão bonequinhas de 8 centímetros e roupinhas, mamadeiras, sapatinhos e outros assessórios colecionáveis. Todos de plástico e embalado em plástico.
Lançadas em 2016 nos Estados Unidos, as bonequinhas LOL chegaram ao Brasil em 2017 e são alvo de denúncia de propaganda velada para o público infantil, feita pelo programa Criança e Consumo, do Instituto Alana. A denúncia foi feita ao Ministério Público do Espírito Santo no dia 15 de março e teve instauração em notícia de fato —o que indica que será investigada, acrescenta a jornalista.
Segundo a reportagem, além da publicidade velada, faz parte da denúncia o fato de as bonecas usarem plástico em excesso em suas embalagens, que podem ser consideradas de uso único, uma vez que são descartadas logo após o desempacotamento. Segundo a denúncia, a empresa que as comercializa usa como principal estratégia comercial de divulgação as redes sociais e canais no YouTube.
Na denúncia, o programa aponta que as estratégias publicitárias desenvolvidas pela empresa são abusivas e ilegais, por desrespeitarem a proteção integral e a hipervulnerabilidade presumida da criança, “em patente violação ao artigo 227 da Constituição Federal, ao Estatuto da Criança e do Adolescente, artigos 6, 37, § 2º e 39, IV do Código de Defesa do Consumidor, Resolução nº 163 de 2014 do Conanda e artigo 5º do Marco Legal da Primeira Infância”.
“Vemos a ligação muito estreita neste caso entre publicidade velada, consumismo e dano ao meio ambiente. A quantidade de plástico é impressionante”, diz Livia Cattaruzzi, advogada do Instituto Alana.“A publicidade velada e o unboxing estimulam, especialmente em crianças, hábitos consumistas que têm impactos sociais e ambientais nocivos”, afirma.
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