Ai Weiwei. Photograph: John Macdougall/AFPDa Deutsche-Welle Brasil.
Após vários anos em Berlim, o artista chinês Ai Weiwei agora vive em Cambridge, no Reino Unido. No entanto, seu novo filme, Coronation, se passa em Wuhan, China, bem na época do surto do coronavírus e do subsequente sítio à cidade.
Em material fornecido pelos próprios cidadãos de Wuhan, as imagens mostram a severidade e a brutalidade com que o Estado chinês impôs o bloqueio e a subsequente quarentena, que se estendeu de 23 de janeiro até o início de abril de 2020. Mas os vídeos também mostram a eficácia das medidas em termos de contenção do vírus.
Em entrevista por escrito exclusiva para a DW, Ai Weiwei conta como foi produzir o documentário, e fala sobre as consequências da pandemia para a sociedade.
DW: Qual foi sua motivação por trás de Coronation?
Ai Weiwei: Como na maioria das minhas atividades, a motivação para produzir Coronation era tentar obter um conhecimento mais profundo de um evento novo e desconhecido. Foi o que aconteceu, por exemplo, após o terremoto de Sichuan em 2008 e durante a crise de refugiados em 2015. Eu queria entender a China e o povo chinês em primeira mão, e ver como eles reagiram ao coronavírus. Sob essas condições dramáticas, se pode compreender melhor a política e a humanidade de qualquer sociedade.
Qual foi o maior desafio em fazer um filme sem estar presente?
Com a tecnologia atual, é possível gravar um filme remotamente. O maior desafio que um diretor enfrenta ao abordar um assunto é a concepção.
O filme mostra como jovens, enfermeiros, médicos e outros profissionais de saúde chegaram de ônibus a Wuhan em poucos dias. A China é provavelmente a única nação que conseguiu isso com tanta rapidez e veemência. O filme mostra como o Estado montou a infraestrutura, incluindo os hospitais de campanha de emergência, e proviu à população no front os equipamentos necessários. Esses detalhes me surpreenderam e consistem numa profunda revelação do comportamento humano sob um controle autoritário.
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