De Pedro Cardoso para Bolsonaro: “Elogiar torturadores, ainda mais se diante do torturado, é ato de tortura”

Jair Bolsonaro e Pedro Cardoso. Foto: Wikimedia Commons/Reprodução/YouTube

Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:

Bom dia.

Ainda sobre ladrões e assassinos. Nem todo ladrão é um assassino mas todo assassino é um ladrão, em potência, ao menos. Quem mata, porque não roubaria? Já quem rouba, talvez não mate. Minha intenção aqui é produzir uma conversa eficiente; não uma concórdia forçada.

Àqueles que me respondem com emojis de riso ou agressões sem argumentos praticam o ato nazifascista de desejar eliminar o opositor pelo desprezo ao que ele diz. Conversa alguma interessa se os conversadores não tem interesse uns nos outros. Não há jogo (intelectual) quando não há adversário. Mas mesmo a maior boa vontade está sujeita aos limites da civilidade. Aquilo que nos desumaniza, que nos faz retroceder a servidão aos instintos, não tem lugar entre os seres humanos. Assassinos são seres que se desumanizam; ladrões são ainda apenas pecadores. Não é sem razão que o crime de tortura é dito ser um crime contra a humanidade pois a tortura de fato é um ato desumano.

Elogiar torturadores, ainda mais se diante do torturado, é um ato de tortura ele mesmo. De tudo que Messias fez e disse de estúpido, este ato no congresso o reduz a desumanidade que não se admite de ninguém. Luís Inácio, de quem não gosto, tem muitos defeitos e muito a explicar; mas ainda o vejo como um pecador; e não posso me colocar a cima dos pecadores pois pecador sou eu também; mas a cima dos desumanos torturadores, vejo-me e coloco-me sem duvidar.

Há dois modos de ditaduras: a do estado e a do mercado. Não é livre quem nada pode nem quem tudo pode. No Ditadura do Estado só políticos mandam (e são ricos). Na do mercado, só os ricos mandam (e são políticos). Ditadores são uns e outros mas podemos nos opor a eles democraticamente, se apenas pecadores permanecerem. Quando passam a matar, exigem de nós uma oposição anterior. Já não é a democracia que defendemos. É a humanidade. Porque tantos de nós se sentem atraídos pelo desumano exuberante do nazifascismo de todos os tempos é a pergunta que me faço todos os dias e que me leva a escrever para os amigos essas cartas de desespero. Agradeço que me leiam.

É forte o afeto nascido na luta pela sobrevivência. Obrigado, a todos.

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Bom dia. Ainda sobre ladrões e assassinos. Nem todo ladrão é um assassino mas todo assassino é um ladrão, em potência, ao menos. Quem mata, porque não roubaria? Já quem rouba, talvez não mate. Minha intenção aqui é produzir uma conversa eficiente; não uma concórdia forçada. Àqueles que me respondem com emojis de riso ou agressões sem argumentos praticam o ato nazifascista de desejar eliminar o opositor pelo desprezo ao que ele diz. Conversa alguma interessa se os conversadores não tem interesse uns nos outros. Não há jogo (intelectual) quando não há adversário. Mas mesmo a maior boa vontade está sujeita aos limites da civilidade. Aquilo que nos desumaniza, que nos faz retroceder a servidão aos instintos, não tem lugar entre os seres humanos. Assassinos são seres que se desumanizam; ladrões são ainda apenas pecadores. Não é sem razão que o crime de tortura é dito ser um crime contra a humanidade pois a tortura de fato é um ato desumano. Elogiar torturadores, ainda mais se diante do torturado, é um ato de tortura ele mesmo. De tudo que Messias fez e disse de estúpido, este ato no congresso o reduz a desumanidade que não se admite de ninguém. Luís Inácio, de quem não gosto, tem muitos defeitos e muito a explicar; mas ainda o vejo como um pecador; e não posso me colocar a cima dos pecadores pois pecador sou eu também; mas a cima dos desumanos torturadores, vejo-me e coloco-me sem duvidar. Há dois modos de ditaduras: a do estado e a do mercado. Não é livre quem nada pode nem quem tudo pode. No Ditadura do Estado só políticos mandam (e são ricos). Na do mercado, só os ricos mandam (e são políticos). Ditadores são uns e outros mas podemos nos opor a eles democraticamente, se apenas pecadores permanecerem. Quando passam a matar, exigem de nós uma oposição anterior. Já não é a democracia que defendemos. É a humanidade. Porque tantos de nós se sentem atraídos pelo desumano exuberante do nazifascismo de todos os tempos é a pergunta que me faço todos os dias e que me leva a escrever para os amigos essas cartas de desespero. Agradeço que me leiam. É forte o afeto nascido na luta pela sobrevivência. Obrigado, a todos. ❤️

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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