Duvivier chama fiasco de Bolsonaro na economia de “broxada governamental” previsível

Gregório Duvivier. Foto: Wikimedia Commons

Da crônica do humorista Gregório Duvivier na Folha de S.Paulo.

Não sei se Paulo Guedes está assistindo ao “Big Brother”. Teria se identificado com Daniel. Enquanto o país inteiro via, o brother se desesperava com o crescimento pífio debaixo do edredom. “Eu não vou conseguir”, dizia o jovem que, ao contrário de Guedes, não tentou culpar a imprensa. “Puta que o pariu”, soltou Marcela que, assim como o povo brasileiro, esperava um produto interno mais bruto, e teve que se contentar com um produto interno broxa.

O curioso da broxada governamental está no fato de que qualquer imbecil seria capaz de prevê-la. E quando eu digo qualquer imbecil, estou me referindo a mim mesmo. Não estudei economia, não tenho nenhum insider no governo, nunca fui à Faria Lima, não uso patinete elétrica nem coletinho de nylon, e ainda assim to falando há um ano: esse PIB não cresce.

Não estou me vangloriando: qualquer um que tenha olhado com atenção pro casal Bolsonaro/Guedes, um capitão estatista oligofrênico e um banqueiro que nunca trabalhou com conta pública, percebeu: “Debaixo do edredom isso não cresce”. Adicione a isso três filhos fronteiriços e uma sogra astróloga (Olavo de Carvalho) morando sob o mesmo teto. Pronto: você tem um comercial do Boston Medical Group.

(…)

Existe uma espécie de terraplanismo que impede os especialistas de ver o óbvio: não basta a fé dos passageiros pra um avião decolar. “A fé move montanhas, não vai mover o PIB?” Ao que parece, não. Confiem neste imbecil que vos fala. Do alto do meu bacharelado em letras, do qual nunca fui buscar o diploma, vos digo: esse PIB não levanta.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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