Duvivier estreia monólogo chamado ‘Sísifo’ e fala sobre questões atuais: ‘Celular é uma doença’

Cenário de “Sísifo” é composto apenas de uma rampa, onde Gregório Duvivier sobe e desce a cada cena, como no mito grego que inspirou a peça Foto: Annelize Tozetto / Divulgação

Reportagem de Ricardo Ferreira no Globo informa que Gregório Duvivier está completando sete anos de “Porta dos Fundos”, 16 anos desde que se lançou no “Z.E. — Zenas Emprovisadas”, e estreou nesta sexta-feira, no Teatro Prudential, sua nova empreitada nos palcos: “Sísifo”, um monólogo escrito por ele com Vinícius Calderoni, que também dirige o espetáculo.

De acordo com a publicação, o texto fala de questões contemporâneas, apoiando-se no mito grego de Sísifo — aquele que carregava uma grande pedra até o topo de uma montanha, a empurrava lá de cima e a assistia rolar, descendo em seguida para repetir o ato.  “Sísifo” também marca o retorno de Gregório ao teatro desde que fez “Portátil” pela última vez, no ano passado. “É uma peça que recorre à mitologia grega para falar, sobretudo, da condição humana. O cenário do André Cortez só tem uma rampa, onde o ator sobe e desce, ressignificando essa rampa, que é a nossa correria cotidiana. Uma hora essa rampa é o trabalho, outra hora é o amor. São 60 histórias curtas, com vários gêneros. Tem comédia, drama, tragédia…”, conta Gregório.

Nada fica de fora, desde a situação política do país, que o incomoda profundamente — “o teatro é muito maior do que Bolsonaro, ele sequer merece ser citado” —, passando por desilusões pessoais, até a paternidade — “deu outro sentido à minha vida” —, e outros temas urgentes, como o tal mundo “hiperconectado”. Para o ator, o teatro é, inclusive, um remédio contra os efeitos colaterais dessa modernidade toda. “O celular é uma doença. Substituiu o cigarro. Mas é ainda pior, porque o cigarro agora é proibido em vários lugares. O celular não, você pode mexer em qualquer hora e em qualquer lugar. É a primeira e a última coisa que as pessoas veem no dia. Está provado que essa luz branca te entristece. E uma das causas desse mal do século, que é a depressão, certamente é a dependência que as pessoas têm do celular. Nesse sentido, o teatro é o oposto disso. Porque o teatro só existe no mundo real, são pessoas ali, presentes no mesmo lugar, compartilhando da mesma experiência. O teatro joga a gente num mundo pré virtual”, conta, completa o Jornal O Globo.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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