Pedro Cardoso: “De que modo a minha geração não contou para a atual o que foi a ditadura militar de 64?”

Pedro Cardoso. Foto: Reprodução/YouTube

Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:

Bom dia.

Eu acho que a humanidade não conseguiu produzir ainda um modo de convívio que promova simultaneamente a liberdade e a justiça social para todos. Pode ter havido sistemas que privilegiaram uma ou outra dessas ansiedades ou, quando ambas, parcialmente apenas.

Sempre parece que elas se opõe: Ou seremos livres ou seremos justos. E há ainda os modos elitistas de convívio onde a minoria chama ao seu projeto de social mas serve-se do esforço coletivo para seu único benefício. Estes têm sido dominantes seja sob seu disfarce liberal ou socialista.

Mas mesmo quando houve honestos desejos de organização social, liberdade e justiça se desencontraram uma da outra. Eu não me conformo que seja assim nem creio que não possa ser de outro modo. Pesquisar esse futuro de liberdade e justiça social é o que me interessa. E a tarefa me surge gigantesca. Não tenho nenhuma pretenção de cumpri-la – quem poderia ter? – mas gostava de vê-la iniciar-se no debate público.

Mas não vejo. Vejo a política dominada pela publicidade e não pela dialética. O futuro nos faz perguntas complexas cuja as respostas exigem esforço e criatividade. Cientistas e artistas se dispõe a investigar o futuro; e toda pessoa tem como extrair da experiência do seu fazer algum aprendizado também. Não devemos abandonar ideologias para pensar mas devemos, eu acho, defender o pensamento de pré-conceitos ideológicos.

Quando a experiencia contradiz a teoria devemos rever nossas teses e enfrentar nossas perplexidades.

Por exemplo: O que se passou durante nossos anos no poder que produziu a ignorância sobre o AI-5, evidenciada na matéria da Folha de SP? De que modo a minha geração não contou para a atual o que foi a ditadura militar de 64?

E ainda nos acusam de havermos politizado as escolas! A luta contra o fascismo se inicia pelas nossas perplexidades e não pelas nossas certezas.

Se certos estivéssemos, estaríamos no controle do Estado; e não estamos. Que 2020 nos livre da arrogância dos que se julgam injustiçados e nos ofereça a humildade dos curiosos.

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Bom dia. Eu acho que a humanidade não conseguiu produzir ainda um modo de convívio que promova simultaneamente a liberdade e a justiça social para todos. Pode ter havido sistemas que privilegiaram uma ou outra dessas ansiedades ou, quando ambas, parcialmente apenas. Sempre parece que elas se opõe: Ou seremos livres ou seremos justos. E há ainda os modos elitistas de convívio onde a minoria chama ao seu projeto de social mas serve-se do esforço coletivo para seu único benefício. Estes têm sido dominantes seja sob seu disfarce liberal ou socialista. Mas mesmo quando houve honestos desejos de organização social, liberdade e justiça se desencontraram uma da outra. Eu não me conformo que seja assim nem creio que não possa ser de outro modo. Pesquisar esse futuro de liberdade e justiça social é o que me interessa. E a tarefa me surge gigantesca. Não tenho nenhuma pretenção de cumpri-la – quem poderia ter? – mas gostava de vê-la iniciar-se no debate público. Mas não vejo. Vejo a política dominada pela publicidade e não pela dialética. O futuro nos faz perguntas complexas cuja as respostas exigem esforço e criatividade. Cientistas e artistas se dispõe a investigar o futuro; e toda pessoa tem como extrair da experiência do seu fazer algum aprendizado também. Não devemos abandonar ideologias para pensar mas devemos, eu acho, defender o pensamento de pré-conceitos ideológicos. Quando a experiencia contradiz a teoria devemos rever nossas teses e enfrentar nossas perplexidades. Por exemplo: O que se passou durante nossos anos no poder que produziu a ignorância sobre o AI-5, evidenciada na matéria da Folha de SP? De que modo a minha geração não contou para a atual o que foi a ditadura militar de 64? E ainda nos acusam de havermos politizado as escolas! A luta contra o fascismo se inicia pelas nossas perplexidades e não pelas nossas certezas. Se certos estivéssemos, estaríamos no controle do Estado; e não estamos. Que 2020 nos livre da arrogância dos que se julgam injustiçados e nos ofereça a humildade dos curiosos.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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