Pedro Cardoso: “Para vencer Messias, devemos elucidar o que seja o nosso interesse comum”

Pedro Cardoso. Foto: Reprodução/Instagram

Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:

Bom dia.

Tudo indica que Donald vai se reeleger; e eu acredito que Messias também. As razões que os levarão a ganhar, eu não consigo perceber quais sejam. Mas penso na democracia, seu ideal e suas falhas. Quando atenienses a conceberam, cuidaram para que participassem dela apenas os proprietários de terras masculinos maiores.

Um grupo de iguais, podemos dizer. A democracia funcionaria por não haver diferença na vontade dos iguais; apenas diferenças quanto ao pragmatismo para se chegar onde todos os iguais igualmente desejavam chegar. Quando, após muito tempo e diversas revoluções, a democracia passa a ser um direito de todos, as diferenças já não são apenas pragmáticas; os fins também se diferenciam.

O funcionário da terra e o dono da terra não desejam o mesmo, é fácil concluir. Passam então a se enfrentar na arena democrática os grupos por interesse. É certamente mais justo do que em Atenas mas traz a consequência de apequenar o interesse de todos diante do interesse de algum grupo.

Quando artista se reuniam para pensar nossos interesses específicos eu me sentia frustrado. Parecia-me que um país melhor faria a nossa atividade mais vibrante. Embora sempre haja pontos específicos, quando perdemos a perspectiva do interesse maior da nação, e passamos a focar no nosso de grupo, tendemos a prejudicar o bem coletivo; acho eu.

Assim vejo hoje o jogo democrático. Nele se debatem interesses de grupos e não de todos. Isto acontece, talvez, por haver de fato um desacordo sobre o que seria o bem comum. Desacordo e desinteresse de muitos. Sem que se clareie o que seria o bem comum nós permaneceremos lutando pelo do nosso grupo.

Corremos grande perigo de outro grupo ser mais sedutor e, vencendo, reinar sobre nós.

Para vencer Messias devemos elucidar o que seja o nosso interesse comum. Sugiro a justiça social como sendo o horizonte a alcançar. Resta-nos procurar o pragmatismo que nos conduza até lá.

Sem um projeto de interesse geral, creio que perderemos para o interesse de algum grupo; e este será vitorioso por ter conseguido se fazer passar por ser de interesse de todos. E ele será o elitista nazifascismo em construção:

Tirania democraticamente eleita.

View this post on Instagram

Bom dia. Tudo indica que Donald vai se reeleger; e eu acredito que Messias também. As razões que os levarão a ganhar, eu não consigo perceber quais sejam. Mas penso na democracia, seu ideal e suas falhas. Quando atenienses a conceberam, cuidaram para que participassem dela apenas os proprietários de terras masculinos maiores. Um grupo de iguais, podemos dizer. A democracia funcionaria por não haver diferença na vontade dos iguais; apenas diferenças quanto ao pragmatismo para se chegar onde todos os iguais igualmente desejavam chegar. Quando, após muito tempo e diversas revoluções, a democracia passa a ser um direito de todos, as diferenças já não são apenas pragmáticas; os fins também se diferenciam. O funcionário da terra e o dono da terra não desejam o mesmo, é fácil concluir. Passam então a se enfrentar na arena democrática os grupos por interesse. É certamente mais justo do que em Atenas mas traz a consequência de apequenar o interesse de todos diante do interesse de algum grupo. Quando artista se reuniam para pensar nossos interesses específicos eu me sentia frustrado. Parecia-me que um país melhor faria a nossa atividade mais vibrante. Embora sempre haja pontos específicos, quando perdemos a perspectiva do interesse maior da nação, e passamos a focar no nosso de grupo, tendemos a prejudicar o bem coletivo; acho eu. Assim vejo hoje o jogo democrático. Nele se debatem interesses de grupos e não de todos. Isto acontece, talvez, por haver de fato um desacordo sobre o que seria o bem comum. Desacordo e desinteresse de muitos. Sem que se clareie o que seria o bem comum nós permaneceremos lutando pelo do nosso grupo. Corremos grande perigo de outro grupo ser mais sedutor e, vencendo, reinar sobre nós. Para vencer Messias devemos elucidar o que seja o nosso interesse comum. Sugiro a justiça social como sendo o horizonte a alcançar. Resta-nos procurar o pragmatismo que nos conduza até lá. Sem um projeto de interesse geral, creio que perderemos para o interesse de algum grupo; e este será vitorioso por ter conseguido se fazer passar por ser de interesse de todos. E ele será o elitista nazifascismo em construção: Tirania democraticamente eleita.

A post shared by Pedro Cardoso (@pedrocardosoeumesmo) on

Categorias
Destaque
Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

Relacionado por