Pedro Cardoso: “Precisamos pensar o lucro. O lucro está posto num lugar sagrado”

Pedro Cardoso. Foto: Reprodução/Instagram

Do ator Pedro Cardoso, ex-Globo, no Instagram:

Bom dia.

Sugiro entrevista da presidenta do banco santander no el país. Não sei se precisam ler inteira. Basta algumas frases salteadas porque tenho a impressão de que elas nada dizem. É comum acontecer de eu me encontrar no esforço de compreender certos discursos e, depois de cansado, ficar com a sensação de que eu nada entendi do que lia porque nada estava sendo dito. Ou melhor: dizia-se uma coisa na aparência mas outra por debaixo. Como na frase da chamada: “… solidariedade não é caridade”.

Não, não é, tanto que são 2 palavras; mas é sim! Solidariedade é caridade; ou, ao menos, a distinção é de momento de um mesmo movimento. Ser solidário é ser caridoso e ao sermos caridosos somos solidários. Não sendo a mesma coisa são, no entanto, ações irmanadas. Mas a senhora banqueira Ana Botín pensa diferente de mim e afasta uma palavra da outra. Solidariedade e caridade são ideias antagônicas a lucratividade, isso sim.

Precisamos pensar o lucro. O lucro está posto num lugar sagrado. Pensa-lo é tido como um ato subversivo; e, de fato, ele o é; por isso mesmo deve ser feito. É preciso nos perguntarmos sobre o que seja o lucro. A morte, quase que aleatória, feita famosa pela pandemia, coloca a questão dos excessos de consumo no qual se sustenta toda a economia.

A recessão inevitável deveria se chamar ascensão do sossego; pois ela veio nos fazer ver o quanto menos consumo precisamos para vivermos bem. E o lucro, filho do hiper-consumo, ficou posto a nu. Não sou comunista (mas posso me tornar) nem capitalista. Anseio pelo o que ainda não conheço. E para me mover preciso que nada me seja proibido pensar.

Vivemos rodeados de frases vazias, como a da foto, e o vazio nos faz o tédio; e o tédio, qdo ocupa tudo, nos enche de angústia. É preciso preencher de conteúdo o vazio das conversas abundantes dos donos do poder.

Messias pediu a empresários que ñ anunciem em empresas de comunicação que o desagradam. Não deveríamos nós deixar de consumir, o mais que pudermos, tudo o que for inútil? Quebraríamos assim a economia que sustenta o nazifascismo.

Mas teríamos que colocar outra no lugar. Qual?

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Bom dia. Sugiro entrevista da presidenta do banco santander no el país. Não sei se precisam ler inteira. Basta algumas frases salteadas porque tenho a impressão de que elas nada dizem. É comum acontecer de eu me encontrar no esforço de compreender certos discursos e, depois de cansado, ficar com a sensação de que eu nada entendi do que lia porque nada estava sendo dito. Ou melhor: dizia-se uma coisa na aparência mas outra por debaixo. Como na frase da chamada: “… solidariedade não é caridade”. Não, não é, tanto que são 2 palavras; mas é sim! Solidariedade é caridade; ou, ao menos, a distinção é de momento de um mesmo movimento. Ser solidário é ser caridoso e ao sermos caridosos somos solidários. Não sendo a mesma coisa são, no entanto, ações irmanadas. Mas a senhora banqueira Ana Botín pensa diferente de mim e afasta uma palavra da outra. Solidariedade e caridade são ideias antagônicas a lucratividade, isso sim. Precisamos pensar o lucro. O lucro está posto num lugar sagrado. Pensa-lo é tido como um ato subversivo; e, de fato, ele o é; por isso mesmo deve ser feito. É preciso nos perguntarmos sobre o que seja o lucro. A morte, quase que aleatória, feita famosa pela pandemia, coloca a questão dos excessos de consumo no qual se sustenta toda a economia. A recessão inevitável deveria se chamar ascensão do sossego; pois ela veio nos fazer ver o quanto menos consumo precisamos para vivermos bem. E o lucro, filho do hiper-consumo, ficou posto a nu. Não sou comunista (mas posso me tornar) nem capitalista. Anseio pelo o que ainda não conheço. E para me mover preciso que nada me seja proibido pensar. Vivemos rodeados de frases vazias, como a da foto, e o vazio nos faz o tédio; e o tédio, qdo ocupa tudo, nos enche de angústia. É preciso preencher de conteúdo o vazio das conversas abundantes dos donos do poder. Messias pediu a empresários que ñ anunciem em empresas de comunicação que o desagradam. Não deveríamos nós deixar de consumir, o mais que pudermos, tudo o que for inútil? Quebraríamos assim a economia que sustenta o nazifascismo. Mas teríamos que colocar outra no lugar. Qual?

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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