Pedro Cardoso sobre Boris Johnson e Bolsonaro: “fantoches do movimento autoritário”

Pedro Cardoso. Foto: Reprodução/YouTube

Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:

Venho atrapalhar o sábado para compartilhar uma grande preocupação.

Nas fotos, dois auto fantoches do movimento autoritário: Messias e Boris. Ambos foram aceitos como a face pública de elites refratárias a justiça social; ambos dizem disparates com confiança arrogante; ambos agridem a democracia (Boris fechou o congresso britânico, Messias põe seu Deus a cima da constituição etc); ambos proclamam patriotismo apaixonado; ambos dizem lutar contra a corrupção mas enfrentam suspeitas de serem corruptos; e, mais importante do que tudo; ambos se elegeram se valendo de milionária propaganda mentirosa (mamadeira fálica ou a economia que o UK faria saindo da UE etc). E ambos, apesar de terem suas falsidades implacavelmente desmascaradas sem que possa haver sombra de dúvida de que são desonestos intelectualmente e irresponsáveis politicamente, foram eleitos!

Boris com imensa maioria nas últimas eleições e Messias com não menos expressiva margem. E nós, as pessoas honestas de esquerda, estamos ainda por compreender como a desonestidade logra convencer o povo de que ela é a honestidade suprema. E ficamos reafirmando nossos mantras de esquerda, nossas conhecidas teses marxistas – tão verdadeiras e tão insuficientes ao mesmo tempo. Ainda cremos, creio, que o povo quer ser operário quando eu acho que o povo todo quer ser é burguês; e consumir. Devemos, eu acho, repensar nosso pensamento.

O inimigo está vendendo sua mentira como uma verdade total e está convencendo multidões. Messias ainda tem 30% de apoio; o que é muito diante as evidências da falsidade dele. Talvez devêssemos calar e tentar perceber o que vai no desejo das pessoas. Sem as compreendemos jamais seremos compreendidos por elas. Hora de sermos honestos. Estamos atônitos, náufragos boiando a esmo nas redes antissociais. Ninguém virá nos resgatar! Mas o povo, em sua diversidade e complexidade, pode vir a ser o nosso salvador se tivermos atenção e curiosidade por saber quem as pessoas são. E elas não são os inocentes ansiosos por salvação que cremos que sejam. O povo tem anseios de direita. Todo mundo quer ser elite. Mesmo nós. Talvez esse seja um ponto de reflexão que valha a pena enfrentar.

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Bom dia. Venho atrapalhar o sábado para compartilhar uma grande preocupação. Nas fotos, dois auto fantoches do movimento autoritário: Messias e Boris. Ambos foram aceitos como a face pública de elites refratárias a justiça social; ambos dizem disparates com confiança arrogante; ambos agridem a democracia (Boris fechou o congresso britânico, Messias põe seu Deus a cima da constituição etc); ambos proclamam patriotismo apaixonado; ambos dizem lutar contra a corrupção mas enfrentam suspeitas de serem corruptos; e, mais importante do que tudo; ambos se elegeram se valendo de milionária propaganda mentirosa (mamadeira fálica ou a economia que o UK faria saindo da UE etc). E ambos, apesar de terem suas falsidades implacavelmente desmascaradas sem que possa haver sombra de dúvida de que são desonestos intelectualmente e irresponsáveis politicamente, foram eleitos! Boris com imensa maioria nas últimas eleições e Messias com não menos expressiva margem. E nós, as pessoas honestas de esquerda, estamos ainda por compreender como a desonestidade logra convencer o povo de que ela é a honestidade suprema. E ficamos reafirmando nossos mantras de esquerda, nossas conhecidas teses marxistas – tão verdadeiras e tão insuficientes ao mesmo tempo. Ainda cremos, creio, que o povo quer ser operário quando eu acho que o povo todo quer ser é burguês; e consumir. Devemos, eu acho, repensar nosso pensamento. O inimigo está vendendo sua mentira como uma verdade total e está convencendo multidões. Messias ainda tem 30% de apoio; o que é muito diante as evidências da falsidade dele. Talvez devêssemos calar e tentar perceber o que vai no desejo das pessoas. Sem as compreendemos jamais seremos compreendidos por elas. Hora de sermos honestos. Estamos atônitos, náufragos boiando a esmo nas redes antissociais. Ninguém virá nos resgatar! Mas o povo, em sua diversidade e complexidade, pode vir a ser o nosso salvador se tivermos atenção e curiosidade por saber quem as pessoas são. E elas não são os inocentes ansiosos por salvação que cremos que sejam. O povo tem anseios de direita. Todo mundo quer ser elite. Mesmo nós. Talvez esse seja um ponto de reflexão que valha a pena enfrentar.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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