Pedro Cardoso sobre discurso nazista: “regimes autoritários de direita se prometem promotores de uma grande nação”

Pedro Cardoso. Foto: Reprodução/Instagram

Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:

Bom dia.

Ainda sobre o pronunciamento nazista de Roberto, o agressor: Todos os regimes autoritários de direita se prometem promotores de uma grande nação. “Make america great again”, é o slogan de Trump.

Os regimes autoritários de esquerda, a semelhança, também se dizem promover a grandeza do povo. Um e outro, de modos distintos, me parecem atrair para sua esfera de influência a pessoa que se sente – e está – oprimida por sistemas econômicos que as exploram.

Roberto, com o conhecimento da narrativa que tem por profissão, montou a cena do anúncio da grandeza brasileira com grande eficiência. Acertou em tudo. O texto, a música, o cenário, o figurino, o penteado do cabelo e o tom do discurso. Foi por ter acertado tanto é que errou. Quando Messias, Vontraubes, Carvalhos e Damares se pronunciam o fazem com amadorismo conveniente. A proposital acidentalidade de seus comportamentos deixa espaço amplo para interpretações vagas; atenua, pela aparência de demência, o seu conteúdo fascista. É assim fácil para eles transmitir suas ideias como se fossem verdades naturais e não produto de ideologia autoritária.

O que hoje me pergunto é: quantos entre os 57 milhões que votam em Messias votarão nele novamente? E porque o fariam? Claro que eu não sei a resposta mas o meu amigo bolsonarista que fiz entes de ontem me deu uma pista. Disse-me ele: “Bolsonaro fala muita m”; como se não fosse grave que o faça. Tal condescendência não é possível ter diante da perfeição estética do pronunciamento nazista de Roberto mas é admissível diante a aparente espontaneidade de Messias e similares. A pessoa oprimida sentirá forte atração por um coletivo forte; ela importará do coletivo a força que lhe falha. Mas tal simbiose não pode ser evidente.

O iludido deve ter como distrair-se da própria ilusão para acreditar que é ele, com sua força individual, que faz o coletivo forte; e não o oposto. O erro de Roberto foi ter tirado o disfarça de sinceridade espontânea do regime nazista do projeto fundamentalista messiânico. Não sei o que pensam, mas acho q devemos investigar o q produziu tanta frustração pessoal no Brasil.

Qual o nome do diabo q faz nascer tanto anseio por um deus poderoso?

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Bom dia. Ainda sobre o pronunciamento nazista de Roberto, o agressor: Todos os regimes autoritários de direita se prometem promotores de uma grande nação. “Make america great again”, é o slogan de Trump. Os regimes autoritários de esquerda, a semelhança, também se dizem promover a grandeza do povo. Um e outro, de modos distintos, me parecem atrair para sua esfera de influência a pessoa que se sente – e está – oprimida por sistemas econômicos que as exploram. Roberto, com o conhecimento da narrativa que tem por profissão, montou a cena do anúncio da grandeza brasileira com grande eficiência. Acertou em tudo. O texto, a música, o cenário, o figurino, o penteado do cabelo e o tom do discurso. Foi por ter acertado tanto é que errou. Quando Messias, Vontraubes, Carvalhos e Damares se pronunciam o fazem com amadorismo conveniente. A proposital acidentalidade de seus comportamentos deixa espaço amplo para interpretações vagas; atenua, pela aparência de demência, o seu conteúdo fascista. É assim fácil para eles transmitir suas ideias como se fossem verdades naturais e não produto de ideologia autoritária. O que hoje me pergunto é: quantos entre os 57 milhões que votam em Messias votarão nele novamente? E porque o fariam? Claro que eu não sei a resposta mas o meu amigo bolsonarista que fiz entes de ontem me deu uma pista. Disse-me ele: “Bolsonaro fala muita m”; como se não fosse grave que o faça. Tal condescendência não é possível ter diante da perfeição estética do pronunciamento nazista de Roberto mas é admissível diante a aparente espontaneidade de Messias e similares. A pessoa oprimida sentirá forte atração por um coletivo forte; ela importará do coletivo a força que lhe falha. Mas tal simbiose não pode ser evidente. O iludido deve ter como distrair-se da própria ilusão para acreditar que é ele, com sua força individual, que faz o coletivo forte; e não o oposto. O erro de Roberto foi ter tirado o disfarça de sinceridade espontânea do regime nazista do projeto fundamentalista messiânico. Não sei o que pensam, mas acho q devemos investigar o q produziu tanta frustração pessoal no Brasil. Qual o nome do diabo q faz nascer tanto anseio por um deus poderoso?

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: pedrozambarda@gmail.com

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