Pedro Cardoso sobre Porta dos Fundos: “Fazer piada com o assunto religião é direito de qualquer pessoa”

Pedro Cardoso. Foto: Reprodução/YouTube

Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:

Bom dia.

Meu querido mestre, Chico Anísio, representou um pai de santo gay por anos sem conta. Não tenho notícia de alguém ter se sentido ofendido com a homossexualidade do personagem. Vejam, digo do personagem. Toda obra de ficção se expressa através de personagens, mesmo quando – e esse é o ponto para mim – retrata alguém q de fato existiu. Daí se referir: personagem histórico. Jesus é, para quem crê, o filho de deus etc. O que sabemos dele é o que as igrejas nos dizem e algo mais que a ciência da história revela. É pouco para alguém poder afirmar quem de fato ele foi.

Aos crentes, basta-lhes ter fé e Jesus será quem eles creem ser. Segundo a tradição dominante, celibatário, manso, divino, bondoso etc. E não era gay. É assim para quem tem fé. Acho ótimo e acho que merecem todo o respeito. Mas fazer uma piada sobre a sexualidade de Jesus não é afirmar categoricamente que Jesus é gay. A piada move-se no campo da mais absoluta ficção. Não há desrespeito a crença de ninguém. Pode-se fazer o mesmo com Lenin, um Lenin gay amante de Trotsky, e não se estará ofendendo nem um nem outro.

O que incomoda é atribuir sexualidade a Jesus; pessoa que os cristão – mas nem todos – desejam isento de tentações. O que temem é a humanidade que a sexualidade implicaria ao cristo deles. Humanidade q se oporia a divindade de onde lhe vem o poder. Eles mesmo o dizem humano; mas nem tanto a ponto de possuir sexualidade; muito menos uma que seja complexa, rica, divertida. Que assim desejem o seu filho de deus, cabe a eles saber; mas que não possamos fazer piadas com figuras da história da humanidade é direito que não os reconheço.

Ofensivo seria fazer uma afirmação mentirosa sobre Jesus e conferir a ela certeza científica.

Deus não é propriedade de quem crê. Religiões são fatos públicos. Há imensa desonestidade nelas, há imensas hipocrisias, negação de crimes… Fazer piada com o assunto religião é direito de qualquer pessoa. Chico Anísio o fez e ninguém se ofendeu pq o candomblé é religião e não um projeto de poder.

Ofendidos ficam os desejosos de poder.

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Bom dia. Meu querido mestre, Chico Anísio, representou um pai de santo gay por anos sem conta. Não tenho notícia de alguém ter se sentido ofendido com a homossexualidade do personagem. Vejam, digo do personagem. Toda obra de ficção se expressa através de personagens, mesmo quando – e esse é o ponto para mim – retrata alguém q de fato existiu. Daí se referir: personagem histórico. Jesus é, para quem crê, o filho de deus etc. O que sabemos dele é o que as igrejas nos dizem e algo mais que a ciência da história revela. É pouco para alguém poder afirmar quem de fato ele foi. Aos crentes, basta-lhes ter fé e Jesus será quem eles creem ser. Segundo a tradição dominante, celibatário, manso, divino, bondoso etc. E não era gay. É assim para quem tem fé. Acho ótimo e acho que merecem todo o respeito. Mas fazer uma piada sobre a sexualidade de Jesus não é afirmar categoricamente que Jesus é gay. A piada move-se no campo da mais absoluta ficção. Não há desrespeito a crença de ninguém. Pode-se fazer o mesmo com Lenin, um Lenin gay amante de Trotsky, e não se estará ofendendo nem um nem outro. O que incomoda é atribuir sexualidade a Jesus; pessoa que os cristão – mas nem todos – desejam isento de tentações. O que temem é a humanidade que a sexualidade implicaria ao cristo deles. Humanidade q se oporia a divindade de onde lhe vem o poder. Eles mesmo o dizem humano; mas nem tanto a ponto de possuir sexualidade; muito menos uma que seja complexa, rica, divertida. Que assim desejem o seu filho de deus, cabe a eles saber; mas que não possamos fazer piadas com figuras da história da humanidade é direito que não os reconheço. Ofensivo seria fazer uma afirmação mentirosa sobre Jesus e conferir a ela certeza científica. Deus não é propriedade de quem crê. Religiões são fatos públicos. Há imensa desonestidade nelas, há imensas hipocrisias, negação de crimes… Fazer piada com o assunto religião é direito de qualquer pessoa. Chico Anísio o fez e ninguém se ofendeu pq o candomblé é religião e não um projeto de poder. Ofendidos ficam os desejosos de poder.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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