Pedro Cardoso: “Virtualidade é um bem público. Não sendo pública, a internet será sempre o lugar da mentira”

Pedro Cardoso. Foto: Reprodução/Instagram

O ator Pedro Cardoso, ex-Globo, fez dois textos no Instagram defendendo a internet pública.

Vale a leitura.

Segue:

Minha visão: Nosso desafio é promover um diálogo entre 212 milhões de nascidos nesse cercado jurídico de nome brasil.

Nunca logramos faze-lo por ser indesejado pelas elites e por ser objetivamente nada fácil organizar uma conversa entre tanta gente. Surge então a internet e nos promete o impensável: Todos teremos voz! No entanto, não nos dizem q a nossa voz ficará rodopiando em torno do mecanismo eletrônico que nos organiza por grupos de semelhantes.

A internet existe para vender publicidade; daí nos agrupar por interesses iguais. Desde de sempre foi assim e nunca foi outra coisa. A conversa entre semelhantes tem a sua função identitária mas qdo ñ alcança o dessemelhante passa a ser um monólogo narcísico paralisante. E nisso consiste o fascismo estrutural do convívio na internet. Não tanto por possibilidade inerente da tecnologia; mas pelo uso para criar nichos para a publicidade q é feito dela.

Em lugar de um diálogo entre 212 milhões temos hoje 212 milhões d monólogos; exagerando. Hoje, idiotas q somos, todos trabalhamos de graça para os donos da internet.

Minha sugestão: INTERNET PÚBLICA! Que o nosso ambiente de convívio, como uma rua, uma praça, uma praia, seja público; livre da publicidade e do “algorithm” consequentemente. A virtualidade é como a água: um bem público. Não sendo pública, a internet será sempre o lugar da mentira. Podemos aprimorar a legislação protetiva; e devemos!, mas a lei em discussão atualmente não enfrenta o centro da questão, na minha opinião.

Mesmo assim, espero que tenhamos força política para faze-la criminalizar impiedosamente os propagadores de falsidades. Ñ resolverá tudo, mas melhorará muito. Mas insisto: a internet privada equivale a uma praia privatizada; fim da liberdade.

O que acham?

Ainda sobre a internet pública.

Qualquer serviço ser público ñ é garantia de qualidade. Mas privatiza-lo tb ñ o é. Para nos defendermos da má qualidade de um serviço pouco nos basta privatizar ou estatiza-lo. De um modo ou outro, o serviço poderá ser de má qualidade ou não. Não estaremos defendidos das ganâncias do lucro nem do descaso do estado refugiando-nos nos seus opostos. A qualidade do serviço só nos será garantida pela conquista cultural da aceitação da justiça social e da liberdade como ponto central do nosso convívio.

Para além de podermos discutir diversas formas de administração dos serviços, com enorme variedade entre o absolutamente público e o absolutamente privado, devemos nos empenhar na conquista cultural da responsabilidade social. Tudo existe para servir a todos; embora exista com igual importância o que serve apenas a quem o faz para si mesmo. Com tanto que este fazer em nada desfaça do q é de todos, direito a esse egoísmo todos temos.

Penso muito nesse balanço entre o coletivo e o privado; entre as ameaças a liberdade que um Estado dono de tudo representa e as ameaças a justiça social que um mercado dono de tudo igualmente representa. É pena q a desonestidade da política profissional nos impeça de dialogarmos sobre assuntos verdadeiros como este.

Muito do nosso tempo nos é roubado qdo somos feitos espectadores do show de horrores da policolândia em sua competição publicitária pelo poder. Temos tanto sobre o que conversar mas ficamos hipnotizados pelos ilusionistas charlatões da política. Encontrar o equilíbrio entre o público e o privado é um dos assuntos verdadeiros que a política profissional, com todas as suas mentiras, nos impede de conversar sobre.

Fica a sugestão: antes da lei, é a cultura que vence a desonestidade. Mas por onde anda e do que tem falado a nossa produção de bens culturais?

Pergunto com sincero desconhecimento.

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Bom dia. DEMOCRACIA E INTERNET. Minha visão: Nosso desafio é promover um diálogo entre 212 milhões de nascidos nesse cercado jurídico de nome brasil. Nunca logramos faze-lo por ser indesejado pelas elites e por ser objetivamente nada fácil organizar uma conversa entre tanta gente. Surge então a internet e nos promete o impensável: Todos teremos voz! No entanto, não nos dizem q a nossa voz ficará rodopiando em torno do mecanismo eletrônico que nos organiza por grupos de semelhantes. A internet existe para vender publicidade; daí nos agrupar por interesses iguais. Desde de sempre foi assim e nunca foi outra coisa. A conversa entre semelhantes tem a sua função identitária mas qdo ñ alcança o dessemelhante passa a ser um monólogo narcísico paralisante. E nisso consiste o fascismo estrutural do convívio na internet. Não tanto por possibilidade inerente da tecnologia; mas pelo uso para criar nichos para a publicidade q é feito dela. Em lugar de um diálogo entre 212 milhões temos hoje 212 milhões d monólogos; exagerando. Hoje, idiotas q somos, todos trabalhamos de graça para os donos da internet. Minha sugestão: INTERNET PÚBLICA! Que o nosso ambiente de convívio, como uma rua, uma praça, uma praia, seja público; livre da publicidade e do “algorithm” consequentemente. A virtualidade é como a água: um bem público. Não sendo pública, a internet será sempre o lugar da mentira. Podemos aprimorar a legislação protetiva; e devemos!, mas a lei em discussão atualmente não enfrenta o centro da questão, na minha opinião. Mesmo assim, espero que tenhamos força política para faze-la criminalizar impiedosamente os propagadores de falsidades. Ñ resolverá tudo, mas melhorará muito. Mas insisto: a internet privada equivale a uma praia privatizada; fim da liberdade. O que acham?

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Ainda sobre a internet pública. Qualquer serviço ser público ñ é garantia de qualidade. Mas privatiza-lo tb ñ o é. Para nos defendermos da má qualidade de um serviço pouco nos basta privatizar ou estatiza-lo. De um modo ou outro, o serviço poderá ser de má qualidade ou não. Não estaremos defendidos das ganâncias do lucro nem do descaso do estado refugiando-nos nos seus opostos. A qualidade do serviço só nos será garantida pela conquista cultural da aceitação da justiça social e da liberdade como ponto central do nosso convívio. Para além de podermos discutir diversas formas de administração dos serviços, com enorme variedade entre o absolutamente público e o absolutamente privado, devemos nos empenhar na conquista cultural da responsabilidade social. Tudo existe para servir a todos; embora exista com igual importância o que serve apenas a quem o faz para si mesmo. Com tanto que este fazer em nada desfaça do q é de todos, direito a esse egoísmo todos temos. Penso muito nesse balanço entre o coletivo e o privado; entre as ameaças a liberdade que um Estado dono de tudo representa e as ameaças a justiça social que um mercado dono de tudo igualmente representa. É pena q a desonestidade da política profissional nos impeça de dialogarmos sobre assuntos verdadeiros como este. Muito do nosso tempo nos é roubado qdo somos feitos espectadores do show de horrores da policolândia em sua competição publicitária pelo poder. Temos tanto sobre o que conversar mas ficamos hipnotizados pelos ilusionistas charlatões da política. Encontrar o equilíbrio entre o público e o privado é um dos assuntos verdadeiros que a política profissional, com todas as suas mentiras, nos impede de conversar sobre. Fica a sugestão: antes da lei, é a cultura que vence a desonestidade. Mas por onde anda e do que tem falado a nossa produção de bens culturais? Pergunto com sincero desconhecimento.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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