Stallone embebedou Sharon Stone para rodar cena de sexo em filme, diz El País

Sylvester Stallone e Sharon Stone num momento de ‘O Especialista’, filme que completa 25 anos. FOTO: CORDON

Informação consta em uma reportagem de Juan Sanguino no El País Brasil.

“‘Porque estou de saco cheio de nudez’. A justificativa de Sharon Stone para não filmar uma cena sexual em O Especialista (Luis Lllosa, 1994) de nada adiantou. Seu companheiro de elenco, Sylvester Stallone, respondeu: ‘Vá ficar de saco cheio disso no filme de outro’. Os produtores pressionaram, e ela finalmente aceitou rodar uma das cenas de sexo mais incômodas e menos eróticas do cinema dos anos noventa. A atriz passou à posteridade como o mito erótico oficial daquela década graças a personagens que utilizavam sua sexualidade para manipular os demais. Por trás das câmeras, porém, ela nunca teve o controle”.

“A imagem pública de Sharon Stone (Pensilvânia, EUA, 1958) está associada à capa da Playboy de julho de 1990. Cansada de ser ignorada por Hollywood (seus papéis mais emblemáticos na época haviam sido o de ‘garota bonita no trem’ em Memórias, de 1980, e um coadjuvante em Loucademia de Polícia 4, de 1987), ela decidiu vender a si mesma como um símbolo sexual”.

“No filme Invasão de Privacidade (1993), Sharon Stone se negou a tirar a roupa quando soube que seu companheiro de elenco, William Baldwin, não precisaria fazer o mesmo graças a uma cláusula do contrato. O produtor do filme, Robert Evans, então lhe disse: ‘Nenhum ator chegou a ser uma estrela despindo-se, e nenhuma atriz chegou a ser uma estrela sem se despir’. Ante a reflexão de Stone de que ’em Hollywood, a combinação de uma vagina e uma opinião é letal’, Baldwin exclamou: ‘E já vimos bastante de ambas as coisas por parte de Sharon'”.

“Nesse estado chegou a atriz à gravação de O Especialista (1994), uma superprodução que misturava os dois gêneros de maior sucesso de meados dos anos noventa: a ação testosterônica e o thriller erótico. E protagonizada por seus dois maiores embaixadores: Sylvester Stallone e Sharon Stone. A cena de sexo era vendida como “algo nunca visto” (era uma isca publicitária na época, como foi o caso de Assédio Sexual, A Cor da Noite e A Fuga, em que o estúdio espalhou o rumor de que Alec Baldwin e Kim Basinger mantinham um coito real)”.

“’Sharon tem um grande apelo. Meu personagem mergulha tão profundamente na mente do seu que, quando afinal se conhecem, há uma explosão erótica’, prometia Stallone. ‘Sharon já domina esse tipo de filme, então suponho que é a escolha adequada’, acrescentou o ator. Certo é que a cena em questão ainda não havia sido filmada, e os produtores precisavam dela para vender o filme. O final feliz foi descrito na época pelo ator desse modo: ‘No início ela não queria fazer essa cena de sexo. Então pensei que o melhor seria embebedá-la. Sharon tomou algumas taças e disse: Ok, vou fazer!'”.

“O resultado são três minutos e cinquenta segundos tão sensuais quanto ver dois ímãs de geladeira enroscando-se. Acompanhados por uma música com saxofone (inevitável, eram os anos noventa), Sharon e Sylvester quase não se tocam nem se olham nos olhos enquanto a câmera se esbalda com os músculos venenosos do ator. No final, ela ensaboa as costas, ele tenta acariciar sua cabeça e ela esquiva sem dissimular”.

“O Especialista começa com Stallone olhando por um binóculo como um voyeur, mas o que observa é uma ponte prestes a explodir. É o tipo de filme dos anos noventa, em que a garota entra na casa do mafioso e exclama: ‘Da próxima vez que der cabo de alguém, deveria pensar em assassinar o seu decorador.” Um desses filmes concebidos para excitar os instintos mais primários do público, e para isso precisavam despir uma Sharon Stone que, apesar de ser 50% do apelo comercial, recebeu o equivalente a 19 milhões de reais contra os 44 milhões embolsados por Stallone. “Os homens pegam no saco, esfregam a sexualidade deles em você, te gritam do carro, são condescendentes’, contou a atriz. ‘As mulheres são ensinadas a ceder, com comportamentos que vão minando nossa autoestima, nossa integridade, nossa feminilidade. Não pretendo voltar a me esforçar para agradar os demais ou para evitar a confrontação'”.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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