
Dony De Nuccio em cena de um dos vídeos que gravou para a Bradesco Seguros (Foto: Reprodução)
Reportagem de Daniel Castro no site Notícias da TV informa que, além dos negócios milionários com o Bradesco, pesou na decisão da Globo de rescindir contrato com Dony De Nuccio o fato de o jornalista, então apresentador do Jornal Hoje, ter realizado serviços de “consultoria de comunicação” para a Amil Assistência Médica, pelos quais cobrou R$ 1,2 milhão. Documentos aos quais o Notícias da TV teve acesso revelam que a parceria era efetivamente de assessoria de imprensa, o que conflitava com os interesses da emissora (e de qualquer outro veículo sério) e com a ética profissional. De Nuccio era ao mesmo tempo apresentador de telejornal e sócio (com Samy Dana) de uma empresa que orientava uma das maiores operadoras de planos de saúde do país a aparecer bem na mídia. Os documentos indicam que De Nuccio elaborava para a Amil propostas de reportagens que poderiam virar notícia em vários veículos, especialmente na Globo.
Segundo a publicação, em outras palavras, a empresa de De Nuccio vendia potenciais notícias que poderiam vir a ser veiculadas no próprio veículo em que ele trabalhava, como “Dieta mediterrânea reduz em 22% risco de derrames em mulheres, aponta estudo britânico”. E usava os conhecimentos que tinha da estrutura da emissora em benefício próprio. Isso vai contra os princípios básicos dos jornalistas, tanto dos de veículos quanto dos que servem a empresas e personalidades (assessores de imprensa). A Prime Talk também sugeria à Amil o “programa/telejornal” em que a notícia tinha mais chance de emplacar. Em um e-mail de 15 de outubro do ano passado, De Nuccio determinou à sua equipe que passasse a incluir nas pautas “sugestão de contato na pauta (nome/cargo/contato)”. Traduzindo: ele indicava à Amil profissionais da Globo (e de outras emissoras) que deveriam ser procurados, facilitando o trabalho e aumentando as chances de sucesso.
As pautas que a Prime Talk encaminhava à Amil tinham detalhada descrição do assunto, com riqueza de informações, e vinham com “sugestão de porta-voz”, fontes (da Amil) que poderiam ser entrevistadas pelo veículo. Por esses serviços, a empresa de Dony recebeu da Amil, no último trimestre do ano passado, R$ 1,2 milhão em seis parcelas de R$ 200 mil. As notas fiscais, às quais o Notícias da TV teve acesso, especifica o serviço prestado apenas como “consultoria de comunicação”, completa o site.
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