O psicólogo e sexólogo Mahmoud Baydoun ainda estava confinado no “BBB18” quando virou alvo de um dos famigerados tuítes do então candidato Jair Bolsonaro, no ano passado, segundo publicou o UOL.
“Enquanto que os mesmos setores no Brasil [investem] em simpósios de como fazer sexo anal sem sentir dor. Se depender de mim, a prioridade e seriedade terão outro direcionamento em breve”, escreveu Bolsonaro. Na sequência, publicou uma foto de Mahmoud em um congresso de sexualidade humana que vinha logo abaixo do comentário: “Eis o que digo”.
Coréia do Sul lidera mundialmente o investimento em pesquisas e desenvolvimento de projetos (startups), enquanto que os mesmos setores no Brasil em simpósios de como fazer sexo anal sem sentir dor. Se depender de mim, a prioridade e seriedade terão outro direcionamento em breve. pic.twitter.com/8AklKqaNIA
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 28, 2018
Após um ano, Mahmoud Baydoun rebate às críticas e também explica ao UOL, por que demorou tanto para se manifestar:
“Vi que um monte de gente começou a comentar que ele tinha tuitado um trabalho meu e de repente caio no meio da postagem. Fiquei com medo”, disse. “Hoje em dia, quando se critica ele, as pessoas imediatamente te associam ao petismo ou à esquerda, mas eu sou muito desligado de política. Nem leio notícias. Fico muito no mundo da sexualidade“.
“Eu me senti desqualificado, não só por ele, mas por alguns apoiadores dele. Embora a maioria tenha me parabenizado — inclusive muitas pessoas me procuraram para falar sobre problemas sexuais“, diz.
Entre as mensagens ofensivas, ele afirma, alguns o chamavam de “chacota” e também teve quem tentasse subestimá-lo em sua profissão. O sexólogo também esclarece que não recebeu dinheiro público para realizar o congresso postado por Bolsonaro, como também foi acusado por simpatizantes do presidente.
“Esse congresso é produto do meu trabalho de conclusão de curso de sexologia da USP [Universidade de São Paulo]. Por mais que seja na USP é uma pós-graduação lato sensu. Não teve nenhum dinheiro público aplicado à pesquisa e nem na mensalidade da pós, que eu paguei assim como nos congressos“, afirma.
Depois do “BBB”, Mahmoud tem se engajado em desmistificar assuntos relacionados à sexualidade com palestras e também abordando o tema para além do senso comum.
“Se a pessoa não estiver satisfeita na vida sexual isso vai atrapalhar outros aspectos e consequentemente a qualidade de vida. Para a Organização Mundial da Saúde, a sexualidade faz parte da saúde. A sexualidade engloba minha relação com o corpo, minhas fantasias e meus desejos. São vários aspectos nesse grande guarda-chuva“.
E já que Bolsonaro não sabe, Mahmoud explica:
“É a prática sexual com o uso de urina. Geralmente começa como um parceiro mijando no banheiro e o outro fica ao lado para sentir o calor da urina, o que muitas pessoas acham excitante. Evolui para fazer xixi em cima da outra e em poucas exceções algumas pessoas gostam de ingerir a urina, que não é recomendado porque pode transmitir infecções. Se a pessoa sabe disso e decide praticar não há problema”
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