Brad Pitt, que sofreu com drogas e álcool: “Viver é algo complicado pra c*. E isto é o que diz alguém que ganhou na loteria”

O ator, em seu recente papel em ‘Era Uma Vez em… Hollywood’. Foto: Reprodução/Divulgação

Tommaso Koch entrevistou Brad Pitt no El País.

Houve um tempo em que Brad Pitt era um frango. Literalmente. Nada a ver com o cinema: de fato, era a vida real de um jovem recém-desembarcado em Los Angeles (Califórnia, EUA). Chegava à agência, olhava o quadro e escolhia um dos estranhos trabalhos oferecidos naquela semana. “Fui motorista, stripper; entreguei geladeiras portáteis para estudantes universitários …”, diz o ator. E também se converteu no homem imagem de El Pollo Loco (o frango louco), um restaurante no Sunset Boulevard. Seu trabalho era simples, embora talvez não muito gratificante: entrava em uma fantasia de penas, se posicionava na calçada e começava a dançar. Quantos transeuntes devem ter fugido daquela ave! Piadas e revanches do destino: hoje, muitos pagariam para passar 30 segundos na companhia do mesmo cara.

(…)

Vieram o detetive Mills, de Seven – Os Sete Crimes Capitais, a primeira indicação ao Oscar com Os 12 Macacos, Encontro Marcado, o baderneiro Rusty Ryan de Onze Homens e um Segredo, O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford, O Curioso Caso de Benjamin Button, A Árvore da Vida e Bastardos Inglórios. E Tyler Durden, o papel que talvez resuma melhor o que o ícone Brad Pitt significa para muitos. “Sou como você gostaria de ser, fodo como você gostaria de foder …, estou livre de todas as inibições que você tem”, dizia o personagem em um momento de O Clube da Luta.

Ele está ciente de tudo isso. E não peca por falsa modéstia. “Sou uma daquelas pessoas que você odeia pela genética. É assim”, declarou certa vez. O que não quer dizer, evidentemente, que sua existência seja um tapete vermelho. “Viver é algo complicado pra caralho. E isto é o que diz alguém que ganhou na loteria”, afirma. Até sua história privada é pública, assim cada um pode adivinhar ao que se refere. Há muito tempo Pitt superou o vício em drogas, o fim de seu primeiro casamento, com Jennifer Aniston. Pouco depois, iniciou um longo relacionamento com Angelina Jolie, do qual nasceram três filhos naturais, outros três adotados e um dos casamentos mais invejados do mundo. Tinha até nome próprio: Brangelina. Mas esse também terminou, em 2016, apenas dois anos depois de se casarem. Em maio de 2017, o ator confessou à revista GQ que havia sofrido uma séria dependência do álcool, que finalmente estava superando, e que fazer terapia o ajudou tremendamente a se reerguer.

Talvez essa bagagem de feridas lhe sirva quando a câmera é ligada. Mesmo no dia a dia, pelo menos, terá servido de alguma lição. Pitt responde com serenidade: “É só envelhecer. Você ganha sabedoria e perde poder físico. Mas eu me orgulho de aceitar o que faço e o que sou”. Nesse sentido, o ator acredita que a paternidade também lhe transmitiu algumas aulas de equilíbrio. E o aproximou dos próprios progenitores: “À medida que a gente cresce, os entende mais, assim como certos comportamentos deles que nos machucaram quando criança. Vejo meu pai em tudo que faço, 100%. Sinto que quero ser ele, imitá-lo ou me rebelar contra sua figura. Ele veio da pobreza, esforçou-se para nos dar uma vida melhor que a dele, e conseguiu. Quero fazer o mesmo com meus filhos.”

(…)

Categorias
Destaque
Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

Relacionado por