Maitê Proença sobre Paulo Marinho: “parece que tem uma pitada de loucura quando bota o Bolsonaro para morar na casa dele”

Maitê Proença. Foto: Reprodução/YouTube

A jornalista Maria Fortuna entrevistou Maitê Proença no Globo, que falou sobre Paulo Marinho e Bolsonaro.

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Como é envelhecer?

Muda a forma como o mundo olha para você. Essa história com a Brigitte Macron ( Bolsonaro endossou um comentário que zombava dela ) foi preconceito de idade. Na época do Sarkozy ( ex-presidente da França ) com a ( cantora ) Carla Bruni ninguém comentava a diferença de idade ( de 13 anos ). Agora, como a mulher é a mais velha… O mundo faz você perceber que agora representa outra coisa, talvez as pessoas te queiram menos.

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Você está falando da Amazônia?

Existe um vazio imenso e irresponsável, um desmonte do que se construiu durante 30 anos por revanchismo com o governo do PT. Hoje, com satélite, dá para ver o desmatamento e multar. Mas o presidente não acredita em satélite. Tá cheio de terra abandonada pelo agronegócio que pode ser reutilizada. Não precisa fazer isso com a Amazônia.

Você foi cotada para ser ministra do meio ambiente do governo Bolsonaro?

Não fui chamada pelo grupo do Bolsonaro, mas por ambientalistas que sugeriram o meu nome. Eu não estava preparada, mas conversei com pessoas que acharam uma boa ideia. Sou ativista ambiental há anos, conselheira da Conservation Internacional ( ong ambiental criada em 1990 ). Eles ( o governo ) não queriam alguém do Ibama, achavam que era órgão de comunista. Eu sabia que ia levar paulada da minha classe. Ficam pensando “ah, bolsimínia”. Eu, no desespero, me ofereci em sacrifício. Pela Amazônia, era para todo mundo dar as mãos e deixar a ideologia de lado.

Também foi criticada por defender Regina Duarte, que apoiou Bolsonaro…

Acho feio, agressivo e malvado a minha classe, que conhece a Regina e sabe de sua honestidade, jogar pedra porque ela pensa diferente. Onde é que nós estamos? Em 1964? Me coloquei não porque concordo com ela, mas porque quero que preservem o direito de pensar diferente. Fiquei com vergonha da minha classe, da mesma forma quando destruíram a carreira do José Mayer. Em nome de que? De um feminismo torto?

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Você viveu com o empresário Paulo Marinho, pai da sua filha e que esteve diretamente envolvido na campanha de Bolsonaro (o “quartel-general” da campanha bolsonarista ficava na casa do empresário, no Rio). Vocês conversaram sobre política?

No momento da campanha, houve um afastamento, uma tensão entre a Maria e o pai. Comigo também. Não dava pra conversar, falei: “Tem limite, né, Paulo?”. Eu e ele nunca pensamos igual. Rio com ele, mas às vezes não levo a sério determinadas coisas. Ainda que ele seja articulado, inteligente, engraçado, me parece que tem uma pitada de loucura quando bota o Bolsonaro para morar, praticamente, dentro da casa dele. Não posso falar pelo Paulo, evito esse assunto com ele, mas suponho que tenha havido um desencantamento.

Uma crítica que fazem a você é o fato de nunca ter se casado oficialmente para não perder a pensão deixada por seu pai…

As pessoas falam demais, dizem que meu pai era militar, mas ele nunca foi ( era desembargador e foi  procurador de Justiça de São Paulo ). Aos 20 anos, quando conheci o Paulo, não tinha conhecimento do benefício, e tampouco podia imaginar que meu pai fosse se matar anos depois ( o pai de Maitê, assim como um de seus dois irmãos, se suicidou ).

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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