Médico vencedor do Nobel: Mulheres são o futuro da humanidade

O médico Denis Mukwege em evento em Bogotá, na Colômbia, em 16 de agosto – Raul Arboleda/AFP

Reportagem de Luciana Thomé na Folha de S.Paulo informa que um pronunciamento contundente e grave sobre o uso do estupro como arma de guerra. Denis Mukwege é um médico ginecologista mundialmente reconhecido por seu trabalho humanitário feito na República Democrática do Congo. Vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2018, honraria que dividiu com a ativista pelos direitos humanos iraquiana Nadia Murad, ele foi o conferencista do quarto evento da temporada 2019 do Fronteiras do Pensamento em São Paulo. Numa fala repleta de alteridade que emocionou a plateia, o congolês resgatou a história do seu nascimento e falou sobre a motivação para cursar medicina e a necessidade de empoderar e assegurar direitos e paz a todas as mulheres do mundo.

De acordo com a publicação, fundador do hospital de Panzi, criado em 1999 na cidade de Bukavu, Mukwege é graduado em medicina pela Universidade de Burundi. E, depois de testemunhar a precariedade no atendimento a mulheres, estudou ginecologia e obstetrícia na Universidade de Angers, na França. De acordo com ele, seu trabalho principal é atuar a favor da vida. “O homem público que me tornei, apesar de tudo, em circunstâncias que não escolhi, é movido apenas por um único objetivo: ser um defensor da vida, estar a serviço dos vulneráveis, fazer e transmitir o bem em um mundo de inversão de valores tomado de assalto pela banalidade do mal”, declarou, iniciando a sua fala. O médico relembrou os seus primeiros dias de vida, quando, por uma série de erros durante o parto, quase não sobreviveu em consequência de uma infecção generalizada no corte do cordão umbilical. Foi uma professora sueca, Majken Bergman, que trabalhava no posto de saúde local, quem salvou a sua vida com injeções de penicilina.

Na parte final da conferência, o médico fez um chamado a todos os homens, para arregaçarem as mangas e entrarem na arena lutando ao lado das mulheres. “A mulher é a nossa metade, ela sente o perigo ali onde não percebemos. Ela administra melhor as riquezas do que nós acreditamos e valoriza mais a vida, enquanto nós só pensamos no poder, no dinheiro e no sexo. A mulher não é uma coisa, ela está diante de nós, é o nosso alter ego. Não podemos, sozinhos, enfrentar os desafios da humanidade sem a plena participação das mulheres, seja na luta contra a pobreza, na prevenção e na resolução de conflitos ou na mudança climática. Em todos esses casos, temos a necessidade da participação ativa da mulher”. Para Mukwege, é urgente repensar os modelos de gestão da sociedade, especialmente o modelo patriarcal, que mostrou os seus próprios limites e carrega sementes da sua própria destruição. Ele afirmou que as mulheres são o futuro da humanidade e que um mundo melhor e mais justo é possível e está ao nosso alcance, pois campanhas como #MeToo, #BrisonsLeSilence, #NiUnaMAs foram bem-sucedidas, completa a Folha.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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