Pedro Cardoso: “Pandemia fez gritar a injustiça que faz alguns trabalhos valeram mil vezes mais do que outros”

Pedro Cardoso. Foto: Reprodução/Instagram

Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:

Bom dia.

O que deveria ser mais bem remunerado: o trabalho de um ator de TV ou de um enfermeiro? Quem deveria ser mais bem pago: O jogador de futebol ou limpador de rua? O pesquisador (a ou x) ou o cantor sertanejo pop americanizado? O senador ou o professor do ensino fundamental público? O médico do SUS ou o médico particular?

Resguardando as diferenças individuais, relacionadas a capacidade e a vontade de cada um, e que podem justamente ensejar diferenças de ganho – a tal meritocracia – resta viva a questão sobre a relação de valor entre os muitos trabalhos que sustentam o modo de vida contemporâneo. A pandemia fez gritar a gigantesca injustiça que faz alguns trabalhos valeram mil vezes mais do que outros – e todos valerem menos que o Capital!

Observando a discrepância entre os valores percebe-se que alguns dos trabalhos melhor remunerados são aqueles cujas as funções permitem a exposição de PUBLICIDADE. Atores de TV e jogadores de futebol, mais evidentemente. Se professores e enfermeiros tivessem expostas as marcas de empresas em seus uniformes, como vemos nos pilotos de fórmula 1, seriam tão ricos quanto estes. Mas a quem interessa associar suas marcas a profissões que remetem a dificuldades? Melhor associa-las ao divertimento e ao seu espetáculo. Esta é uma realidade mas não necessariamente imutável. A sociedade, não sei como, deve buscar melhor equalização dos valores relativos das profissões e corrigir a deformação que a publicidade – motor do consumo irresponsável – provoca nas relações de valor.

Eu sou um dos favorecidos por essa distorção. Estaria falando contra o meu interesse não houvesse já visto o valor inestimável das professoras que me ajudaram a criar as minhas filhas. Sei que não faço pela humanidade nem 1 centavo a mais do que elas fazem ou os enfermeiros; como os que cuidaram do meu pai durante os dias da internação dele. Não deixei de ganhar o dinheiro que pude mas não o tenho desejado só para mim.

Não conheço o modelo econômico que produzirá a justiça e a liberdade mas o precinto; indefinido e mutante. Sou beneficiário de uma injustiça.

Mas sobre mim, e sobre todos, o capital exerce antes injustiça muito mais lucrativa.

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Bom dia. O que deveria ser mais bem remunerado: o trabalho de um ator de TV ou de um enfermeiro? Quem deveria ser mais bem pago: O jogador de futebol ou limpador de rua? O pesquisador (a ou x) ou o cantor sertanejo pop americanizado? O senador ou o professor do ensino fundamental público? O médico do SUS ou o médico particular? Resguardando as diferenças individuais, relacionadas a capacidade e a vontade de cada um, e que podem justamente ensejar diferenças de ganho – a tal meritocracia – resta viva a questão sobre a relação de valor entre os muitos trabalhos que sustentam o modo de vida contemporâneo. A pandemia fez gritar a gigantesca injustiça que faz alguns trabalhos valeram mil vezes mais do que outros – e todos valerem menos que o Capital! Observando a discrepância entre os valores percebe-se que alguns dos trabalhos melhor remunerados são aqueles cujas as funções permitem a exposição de PUBLICIDADE. Atores de TV e jogadores de futebol, mais evidentemente. Se professores e enfermeiros tivessem expostas as marcas de empresas em seus uniformes, como vemos nos pilotos de fórmula 1, seriam tão ricos quanto estes. Mas a quem interessa associar suas marcas a profissões que remetem a dificuldades? Melhor associa-las ao divertimento e ao seu espetáculo. Esta é uma realidade mas não necessariamente imutável. A sociedade, não sei como, deve buscar melhor equalização dos valores relativos das profissões e corrigir a deformação que a publicidade – motor do consumo irresponsável – provoca nas relações de valor. Eu sou um dos favorecidos por essa distorção. Estaria falando contra o meu interesse não houvesse já visto o valor inestimável das professoras que me ajudaram a criar as minhas filhas. Sei que não faço pela humanidade nem 1 centavo a mais do que elas fazem ou os enfermeiros; como os que cuidaram do meu pai durante os dias da internação dele. Não deixei de ganhar o dinheiro que pude mas não o tenho desejado só para mim. Não conheço o modelo econômico que produzirá a justiça e a liberdade mas o precinto; indefinido e mutante. Sou beneficiário de uma injustiça. Mas sobre mim, e sobre todos, o capital exerce antes injustiça muito mais lucrativa.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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