Clint Eastwood altera uma história real de forma machista, diz jornal americano

O diretor americano Clint Eastwood, em Cannes, em 21 de maio de 2017 – AFP

De Pablo Ximénez de Sandoval no El País Brasil.

Há preconceitos sobre as mulheres, preconceitos sobre jornalistas e preconceitos sobre as mulheres jornalistas. Clint Eastwood parece cair em todos eles em seu novo filme, Richard Jewell, que (…) ainda não tem data de estreia no Brasil. Pelo menos é o que considera um jornal de Atlanta, o Atlanta Journal-Constitution (AJC), que protestou contra Eastwood e a Warner Bros em defesa de uma de suas jornalistas, que aparece de modo negativo no filme baseado em fatos ocorridos mais de duas décadas atrás. A polêmica surge em uma Hollywood transformada nos últimos dois anos pelo movimento feminista Me Too.

Richard Jewell foi um personagem muito conhecido nos Estados Unidos durante alguns meses de 1996. Trabalhava como segurança nas Olimpíadas de Atlanta. Um dia, observou uma mochila suspeita e chamou a polícia. Era um explosivo. Jewell ajudou a esvaziar o complexo rapidamente. Embora a bomba tenha explodido e matado uma mulher, sua intervenção salvou muitas pessoas. No entanto, alguns dias depois ele começou a ser investigado como suspeito, o que teve graves consequências para sua reputação e a recordação que se tem daquele incidente. Jewell nunca foi indiciado. O verdadeiro assassino confessou em 2003 e está cumprindo sentença de prisão perpétua. O roteiro do filme, escrito por Billy Ray, é baseado em artigos da época sobre o calvário de Jewell na opinião pública e em um novo livro sobre o caso.

O filme dá um papel fundamental a Kathy Scruggs, a repórter do jornal Atlanta Journal-Constitution (AJC) que obteve o furo de que o FBI estava investigando Jewell como suspeito. A cobertura jornalística dessa investigação teve repercussão nacional e afundou Jewell, que até então era o herói dos Jogos. O filme assume que Scruggs obteve aquelas informações em troca de sexo com o agente que investigava o caso. Scruggs não pode se defender. Morreu em 2001 de uma overdose de analgésicos, aos 42 anos.

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Pedro Zambarda de Araujo

Escritor, jornalista e blogueiro. Autor dos projetos Drops de Jogos e Geração Gamer, que cobrem jogos digitais feitos no Brasil e globalmente. Teve passagem pelo site da revista Exame e pelo site TechTudo. E-mail: [email protected]

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